Muito capciosas estas pesquisas eleitorais.
Numa primeira avaliação dos resultados apresentados, a mídia arvorou-se no direito de projetar uma vitória de Lula já no primeiro turno.
Isto me cheira a manipulação de informações, que não resiste a uma análise mais detalhada dos índices divulgados.
Vejamos.
Em primeiro lugar confundem aprovação de governo e do presidente com intenção de voto.
Esta dedução simplista não resiste a uma comparação entre alguns índices.
Avaliação do presidente da República:
Setembro de 2003= 47,7%
Maio de 2006= 38,3%
Fica claro a queda de 9,4% e não crescimento de aprovação.
Aprovação do desempenho pessoal do presidente:
Setembro de 2003= 73,9%
Maio de 2006= 53.9%
Queda vertiginosa de 20%.
Atentados em São Paulo:
Prejudicam a campanha de Alckmin ?
Sim= 50,1%
Onde está a mesma pergunta referente a Lula ?
Vamos em frente e saberemos a resposta.
Segurança Pública (Responsabilidade) :
Governo Federal= 29,8% e 35,4% (votos válidos)
Governos estaduais=13,7% e 16,2% (votos válidos)
Governos; federal, estaduais e municipais (os 3)= 29,6% e 35,1%
Ora, está claramente demonstrado que a população atribui aos 3 níveis de governo a responsabilidade pela Segurança Pública, porém, apontando a responsabilidade máxima ao governo federal; 35,4%.
Faltou a pergunta se os atentados prejudicaram a campanha de Lula.
Qual a razão desta omissão?
No quesito sobre o primeiro turno, pergunta espontânea (sem mostrar a lista de candidatos) os resultados foram:
Lula= 28,2% (considerando o grande grau de conhecimento popular sobre o presidente 99,2% este resultado é pífio, para não dizer medíocre em termos de lembrança imediata.)
Pergunta estimulada (apresentando uma lista de candidatos.):
Lula=40,5%
Ou seja, 12,3% dos que poderíam votar em Lula, sequer conseguem lembrar do nome do presidente . Muito estranho para o maior nome do PT, que historicamente conserva índices por volta de 30% em todas as eleições majoritárias desde 1994 .
Estes 12,3% seríam os tais dos programas assistenciais (bolsa-família, etc.) pessôas pobres,de poucas luzes e estreitos horizontes que mal sabem onde estão ou de onde vem a ajuda, muitas vezes atribuída ao vereador mais conhecido.
Quantos são os votos em potencial de lula?
Observemos os índices de rejeição para termos uma idéia aproximada.
Limite de votos e Rejeição:
Só votaríam em Lula= 32,1% ( 8,4% portanto, estão entre os que não se lembram do nome (precisam da lista) e os ainda não seguros quanto ao voto.)
Poderíam votar em Lula= 27,3%
Potencial limite estimado= 59,4%
Só votaríam em Alckmin= 12,6%
Poderíam votar= 29,7%
Potencial limite estimado= 42,3%
Só votaríam em Heloisa Helena= 5,1%
Poderíam votar= 19,8%
Potencial limite estimado= 24,9%
Só votariam em Garotinho= 4,2%
Poderíam votar= 24,1%
Potencial limite estimado= 28,3%
Estranhamente, Enéas não foi considerado em quase nenhum quesito.
Mas um grande erro de avaliação se esconde nestes dados.
Qual seria ?
Os índices de rejeição e conhecimento público dos candidatos !
Vejam, por exemplo como as coisas mudam analisando-os detalhadamente.
Rejeição de Lula= 34,7%
Conhecimento popular= 99,2% (quase 100% dos eleitores)
Rejeição de Alckmin= 40,6%
Conhecimento popular= 87,8% dos eleitores
Rejeição de Heloisa Helena= 50,7%
Conhecimento popular= 81,0%
Rejeição de Garotinho= 60,7%
Conhecimento popular= 94,4% dos eleitores
O que estes dados demonstram?
Limites matematicamente possíveis de crescimento:
Lula= 0,8% (praticamente nenhum)
Alckmin= 12,2%
Heloisa Helena= 19,0%
Garotinho= 5,6%
Que acrescentados aos índices anteriores de voto estimulado daríam:
Lula= 59,4% + 0,8%= 60,2% (mais ou menos a votação obtida por Lula no segundo turno de 2002, pois substituiu os 15% que perdeu na classe média pelos do "bolsa-miséria")
Alckmin=42,3% +12,2%= 54,5% (muito próximo de Lula)
Heloisa Helena= 24,9% + 19,0%= 43,9% (olhem só...)
Garotinho= 28,3% + 5,6%= 33,9%
Claro que devemos considerar as alterações prováveis deste quadro, pela performance dos candidatos durante a propaganda gratuita e campanha .
Analisemos 3 hipóteses, com segundo turno, porque descontadas abstenções, brancos e nulos, os potenciais acima citados cairão bastante, embora tenhamos de levar em conta as zebras como Enéas e os votos conscientemente anulados, que poderão influir em muito, além de uma surpresa como a eventual candidatura de Pedro Simon pelo PMDB.
1-Lula X Alckmin- dependerá do estrago que o PSDB possa fazer atingindo diretamente a imagem de Lula durante a propaganda gratuita. Qualquer pequena queda de Lula poderá ser fatal em virtude da estreita margem de vantagem deste sobre Alckmin.
Seria um erro pensar que os votos de Heloisa Helena iríam para Lula, muito menos os de Garotinho. Tampouco migraríam para Alckmin. Preferimos a hipótese de um voto de protesto como o Voto Nulo.
Os votos de Enéas fora do páreo também engrossariam os nulos.
Assim considerados, teríamos um potencial de nulos, brancos e abstenções entre 25% e 30% no primeiro turno e entre 30% e 40% no segundo turno, sem cogitarmos o efeito de campanhas direcionadas a este fim como a que estamos promovendo desde 2004 e muitos outros movimentos atualmente, via Internet.
2-Lula X Heloisa Helena- pode parecer estranha esta hipótese, mas não devemos descartá-la de imediato. Neste caso, Lula perderia votos dos petistas mais à esquerda, um tanto decepcionados, além da militância jovem, que diminuiu em número. O apoio da mídia, meios intelectuais e artísticos estaria mais predisposto à senadora do PSOL, se bem que , suas atitudes em defesa do MST lhe prejudique bastante, perante a maioria silenciosa do eleitorado, que é predominantemente mais conservadora, de centro e grande parte de direita.
3- Lula X Garotinho-embora não esteja definida ainda sua participação como candidato, Garotinho pode contar com uma enorme parcela extremamente “volátil” de eleitores que decidem por impulso somente nos últimos 15 dias antes das eleições.
Seu apelo aos evangélicos e boa performance nos debates televisivos, sua área profissional de radialista e comunicador, poderão modificar este quadro atual de rejeição, roubando muitos votos de Lula junto ao “povão”.
Não avaliamos a hipótese sem Lula no segundo turno, apesar de haver fortes riscos de impedimento que o obriguem a se afastar da disputa .
Assim ocorrendo, ainda no primeiro turno, todas as expectativas e previsões dos analistas desmoronaríam ante um cenário surpreendente de alterações de todos os índices até então computados.
Depois analisaremos esta probabilidade .