segunda-feira, janeiro 15, 2007

"Les Reveries du promeneur solitaire" (Parte 2)



"Les Reveries du promeneur solitaire"
(Devaneios de um Caminhante Solitário).
Após ter postado sobre caos, prefiro a minha madrugada, passeando pelas calçadas da vida, com meu cão "Booty".
Talvez isto tenha faltado ao filósofo amigo Jean Jacques Rousseau, um companheiro a mais para abrandar a solidão da caminhada.
Costumo deixá-lo livre, leve e solto, desde quando saiu pela porta com uma energia de dar inveja a me exigir quase uma caminhada daquelas de corridas de atletas, rebolando, para tentar acompoanhá-lo.
Quase sempre ele corre mais de 100 metros de mim,vai para o meio da rua e eu resmungo, bato palma, grito, rosno, ele volta, depois retorna à infração, mas sempre acaba respeitando, pois sabe que sua liberdade de ser, de ir e vir tem um preço.
A responsabilidade !
Pode exercer seu direito, porém, sempre atento e sabendo que sua vida poderá correr perigo e seu melhor amigo capaz de alertá-lo é seu companheiro e dono.
Liberdade sim!
Sempre!
Mas com responsabilidade!
Se um cão pode aprender isto, por que não um povo?
Apesar desta catástrofe qualitativa que temos aparentemente como "brasileiros", algo que chega a ser triste e bizarro, ainda levo fé numa possibilidade de reviravolta geral.
Caminhando e meditando, pelas madrugadas, observo a vida muda das casinhas e rua, somente de vida os latidos insistentes dos seus cães, sejam eles vira-latas ou não, porém sempre cães, chatinhos e hostís, que não conseguem ficar calados quando outro ou alguém passa e é aquele escândalo dantesco , numa cidade de maioria total de casas com quintais e jardins.
Uma loucura o que passamos, eu e o "Booty" a cada 10 metros de caminhada, fora os sustos e imprevistos.
Outra noite , me postei à frente de um carro para protegê-lo, pois ele levou um "sustão" daqueles, quando vários cachorros chegaram de uma vez só a um portão por onde passávamos e correu para o meio da rua. Normalmente ele responde fazendo cena de brigão, separado pelos portões e grades.
Será que não faltou um pouco disto ao amigo Rousseau, para talvez , "repensar" o seu "Contrato Social"?
Afinal, ele também tinha um cão onde se isolou.
Porém, os "iluministas" se consideravam acima da irracionalidade, absolutamente capazes de deduzir por fatos e conceitos .
Nunca deixaram de ser "burgueses" , ou "novos ricos", com algum "verniz", estudo e origem abastada, mas não eficazes, em termos de adquirirem a verdadeira sabedoria que não vem de livros, porém de experiências e "insights", "iluminações, ou como queiram chamar este fenômeno que acomete e acometeu a muitos de nossos mais famosos sábios e mestres da humanidade.
Pois é... uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra.
Não duvidem de uma simples observação de nossos bichos de estimação, de nosso quintal ou redondezas, como capazes de nos ensirarem muito mais que qualquer biblioteca poderia.
Observem os felinos, percebam sua hierarquia, seu trato com as crias e semelhantes, observem os seus cães, vejam o que temos em nós ainda, latente como instinto animal, cheio de desejos, invejas, ódios, neuras e reações que sempre tentamos explicar racionalmente através de teorias e pseudos "gurus", falsários do estudo da mente humana.
É isto aí meu caro Rousseau, sempre caminhando e aprendendo o quanto uma noite em silêncio pode nos ensinar, com ou sem cão, não importa , pois a solidão é um estado de Espírito, nada mais.
Nascemos sós e morreremos sós, inevitavelmente, queiramos ou não.
Nossa solidão às vezes dói fundo e ecoa na madrugada como um grito mudo de silêncio rebelde , desavisado e revoltado.
Por vezes , gostariamos de acordar a cidade, romper portões e cercas, sacudir os moraderes dizendo bem claro e com a mais absoluta revolta " ACORDEM ".
Mas não é assim que as coisas acontecem , nem seguem este princípio básico de lucidez desperta ou "despertada".
Que droga não?
Temos tudo e não temos nada !
Temos a sabedoria de ser, fazer, porém nada sobre o que fazer acontecer.
Acredito que muitos dos nossos amigos se sintam exatamente assim e talvez até tenham desistido de acreditar em mudanças.
Eu também cheguei a este ponto de não mais acreditar em nada, mas, sei lá... sempre acontece de aparecer um lampejo , uma coisinha chata, que insiste em dizer em meus ouvidos; "calma ... creia em seu povo, acredite em si e em seus projetos, tudo parece ser tão abjeto e sórdido, mas há uma verdade escondida , oculta , que se manifestará como capaz de resolver tudo nesta nossa terra".
Esta "verdade" , que a todos permeia , não importa origem , berço ou posição social se chama FÉ.
Sim ...
Fé... não a de fanáticos ou submissos a qualquer poder maior, mas ainda existe esta esperança , pois até meliantes fazem uso ou respeitam conselhos de seus mentores espirituais.
Portanto, se me perguntarem, qual a solução para o Brasil, eu direi sem qualquer dúvida que é a FÉ!
Acreditemos em nós, em nosso futuro, purguemos nossos males e erros, mas nunca deixem de ter fé!
Vejo num futuro próximo, um país repleto de demonstrações disto, por obra de desastres ou caos total, não importa , mas vejo-o assim e daremos um grande exemplo de união em breve .
Sem lutas, sem sectarismos ou separatismos, sem politicagem, sem concessões à desigualdade racial, étnica ou social.
Na hora do "vamos ver" a coisa será bem diferente e muitos se surpreenderão com a nossa capacidade fraterna de ajuda ao próximo, pois passaremos por muitas dificuldades.
Nunca jamais , percam a fé !