quarta-feira, abril 12, 2006

Medo de que ?

Sim.
Medo de que?
De uma guerra civil?
De uma reação coletiva de centrais sindicais, movimentos, UNE e o que mais este governo puder orquestrar com o “gremlin falastrão” esbravejando em palanques contra a tentativa de derrubá-lo?
Ora convenhamos.

Esta situação já ocorreu em 1964 com Jango e foi rapidamente controlada pelas forças armadas, que hoje não desejam se aventurar em maiores desgastes nem anseiam restaurar um regime militar.
O controle da segurança pública pertence aos estados, não ao governo federal, que, se tentasse mobilizar tropas, poderia se ver diante de atos bastante desagradáveis de insubordinação militar, em virtude das notórias insatisfações engolidas à força nos últimos anos.
O verdadeiro motivo desta inércia da oposição é sua dependência financeira . É escrava de seus patrocinadores habituais de campanhas, os donos do dinheiro, do “Caixa 2”, a FEBRABAN , FIESP, etc, que entram em pânico ante qualquer hipótese de eventuais abalos na Economia, provocados por crises políticas .
Não é por medo de Lula , mas, por escravidão mesmo!
É tudo “farinha do mesmo saco”, manipulada pelos grandes interesses que nos governam.
Não nos iludamos com esta falsa “atmosfera de estabilidade democrática”, pois não se sustentaria como tal, na hipótese de paralisações, motins, badernas ou mobilizações de massas .
Estamos caminhando para uma “volta ao passado” de conseqüências provavelmente bem piores .
O que se auto-intitula “oposição” , embora na realidade não exista, por incapacidade, incoerência e corrupção, terá de tomar uma decisão rapidíssima, sobre pedir ou não o “impeachment” de Lula, mesmo que, somente para afastá-lo da disputa, sob pena de termos que suportar este “Quasímodo de Notre-Dame”, por mais 4 anos, sem chiarmos nem nos lamentarmos pelos cantos.
As camadas mais esclarecidas da sociedade, indignadas, com razão, não suportam mais tanta mediocridade, impunidade e boçalidade.

Não podem haver "dois pesos e duas medidas" !
As provas de crime de responsabibilidade e outras prevaricações envolvendo até familiares, apontadas pelo Procurador da República, em reforço ao relatório final da CPMI, são mais do que suficientes para o impedimento do presidente.
Collor caiu por muitíssimo menos.
Façam o que tem e deve ser feito ou faremos nós, o povo nas ruas em breve, contra esta situação catastrófica de desmoralização de todas as instituições nacionais!

Mídia livre !

Apesar de minhas freqüentes críticas sobre as pressões e comprometimentos ideológicos da nossa mídia, nem tudo está perdido, pois alguns jornalistas, mais atentos aos movimentos espontâneos que se avolumam na Internet, perceberam o potencial e alcance a médio prazo destas manifestações de repúdio ao quadro político e conseqüências futuras desta indignação popular, por ocasião destas eleições .
Acabo de ser entrevistado pelo telefone (pois resido no interior de SP) pela Revista Isto É, sobre o nosso Movimento Brasil Nova Era e campanha pelo Voto Nulo.
Não sei o que farão com a matéria os jornalistas Ricardo Miranda e Celina Cortes, mas agradecemos esta atenção e apoio, para a divulgação nacional de nossos objetivos
Vamos apoiar o jornalismo livre e idealista, liberto de compromissos ou censuras superiores.
Torcemos para que a mídia não se dobre ante interesses maiores e mantenha uma independência participativa no esclarecimento da sociedade.
A hora para a grande “virada de mesa” chegou!
Anular o voto é um ato consciente de protesto como cidadãos insatisfeitos com esta Democracia Representativa falida que somos obrigados a suportar.
Com garra e vontade, em breve poderemos instaurar a primeira Democracia verdadeiramente Direta do mundo !

Ótimo artigo !

Muito bom este artigo que confirma tudo que vimos alertando desde 2005 sobre esta estranha inércia da oposição ao postergar o pedido de “impeachment” de Lula.
Como sempre coloquei em destaque a hipótese de um afastamento do presidente inviabilizando sua candidatura vale a pena reforçar esta possibilidade lendo esta ótima análise .

12/04/2006
Oposição teme impeachment
Ruy Fabiano

PSDB e PFL, que representam a quase totalidade do universo oposicionista brasileiro, não querem o impeachment de Lula. Quanto a isso, Fernando Henrique Cardoso já tranqüilizou o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, em recente encontro que tiveram.
Pefelistas e tucanos temem que o simples encaminhamento da proposta do impeachment gere um ambiente semelhante ao que Hugo Chavez criou na Venezuela quando lá se cogitou disso, há três anos. O pesadelo é o de ver o país dividido, em clima de guerra civil, o que poderia não apenas garantir a eleição de Lula, como tornar seu segundo mandato um salto no escuro. De um lado, o chamado lumpemproletariado; de outro, a classe média.
Apesar de todos os pesares, o PT é um partido enraizado em setores periféricos da sociedade. Possui laços consistentes com movimentos sociais e sindicatos. Acionar essa estrutura e colocar massas reivindicantes nas ruas é relativamente simples, sobretudo quando se está no governo e se pode lançar mão da máquina administrativa. Ninguém duvida que isso será feito se a idéia do impeachment se materializar.
O efeito desse temor é paralisante. E a paralisia semeia confusão, dúvidas no eleitorado. Parte dele passa a duvidar da participação de Lula nos escândalos, na medida em que seus próprios adversários o poupam. Outra parte acha que, como todos roubam, por que punir apenas Lula? Será que é porque ele é do povo? Os dois questionamentos, somados à sensaboria do candidato oposicionista, Geraldo Alckmin, mantêm Lula no topo das pesquisas.
Nem mesmo o procurador da República, Antônio Fernando de Souza, ousou em sua denúncia, ontem apresentada, mencionar o nome de Lula. Usou de linguagem direta e crua, chamando de “quadrilha” o esquema do PT comandado por José Dirceu, José Genoíno & amigos. Mas omitiu Lula.
Diante do que disse o procurador, sustentando que a rapina tinha organicidade e método e era pilotada a partir do Palácio do Planalto, é inconcebível supor que o presidente estivesse alheio a ela. É inevitável, diante dessa colocação, invocar o argumento apresentado, meses atrás, pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), com sua habitual truculência verbal: “Se o presidente não percebeu nada, é um inepto, um idiota”.
A hipótese de alheamento presidencial é ainda menos verossímil se se levar em conta a estrutura centralista do PT, em que, como afirma a ex-petista senadora Heloísa Helena (PSol-AL), Lula comanda tudo, cada detalhe, com mão de ferro. Sempre comandou – e continua comandando.
Quando a idéia de jerico de quebrar ilegalmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo foi adotada, Lula estava em Santa Catarina. E não escondeu seu entusiasmo com a informação de que havia qualquer coisa esquisita com as finanças do caseiro.
Ou seja, sabia o que estava em curso, a operação que resultou na demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, do presidente da Caixa Econômica, Jorge Mattoso, e pode ainda ter como desfecho melancólico a demissão do ministro da Justiça. É improvável que ele se sustente por mais tempo. Perdeu as condições políticas. O ministro da Justiça é o mantenedor da segurança jurídica.
Tal missão o obriga, em casos como o do ex-ministro Palocci, não a providenciar-lhe um advogado, mas a cuidar de detê-lo e encaminhá-lo à investigação policial. É quase certo que, uma vez ouvido pela CPI dos Bingos, Bastos pegue seu boné e volte à sua próspera banca advocatícia em São Paulo.
Lula estará mais só do que nunca. Sua queda depende de determinação política, que não há. O sigilo bancário de Paulo Okamoto, presidente do Sebrae e tesoureiro informal da família Silva, está preservado pelo Supremo Tribunal Federal. Romper essa blindagem é possível, desde que haja ambiente político. Não há.
Dia 8 de maio, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil se reúne em Brasília para examinar relatório de comissão técnica incumbida de avaliar juridicamente a hipótese de impeachment. Foi a OAB que, em 1992, encaminhou a proposta de impeachment de Fernando Collor. E é a ela que se recorre novamente. O relator da matéria no Conselho Federal, advogado Sérgio Ferraz, é favorável ao impeachment, mas o plenário, já chamado a se manifestar anteriormente, posicionou-se contra.
Não se sabe o que dirá agora, tantas denúncias depois. Mesmo que diga sim, não significará muito, se a oposição parlamentar não estiver de acordo. Com isso, Lula ganha tempo e as denúncias se diluem. Certo está o deputado Thomaz Nonô (PFL-AL), primeiro-secretário da Câmara – e um dos cotados para vice na chapa presidencial tucana: ou o candidato da oposição se apresenta como o anti-Lula ou está frito. Ou radicaliza ou Lula leva. As pesquisas lhe dão razão.

Ruy Fabiano é jornalista
Fonte: Blog do Noblat
http://noblat.estadao.com.br/noblat/index.html