segunda-feira, junho 26, 2006

Dilema eleitoral

A estratégia de bater firme em Lula na propaganda do PFL enquanto na do PSDB mostram uma faceta do agora “Geraldo”, mais “empeendedora” de administrador, parece que surtiu efeito e as novas pesquisas apontam discreto crescimento deste candidato, mas isto será prontamente demolido pelo PT porque ambos (PSDB e PFL) têm telhados de vidro.
A artilharia será intensa acabando por prejudicar ambos os lados pela desistência de prováveis eleitores em potencial.
No caso de Lula, por reavivar a memória ou até mesmo informar pela primeira vez a muitos que sequer acompanharam a crise do “mensalão”, que não são poucos nas classes mais baixas da população.
Por outro lado, os que não conheciam Alckmin e ficaram propensos a votar nele, crendo na imagem de integridade e honestidade que a publicidade tenta passar, serão o público-alvo da estratégia do PT, que atacará exatamente este aspecto ético, apontando CPIs barradas pelo ex-governador e uma série de outras irregularidades já abordadas, mas apenas pela imprensa.
O “povão” não lê jornais nem artigos da mídia eletrônica.
Julga pelo impacto emocional do que vê e aparência.
Lula tem a seu favor ser a própria imagem da grande maioria e falar a sua língua.
“Geraldo”, tenta se igualar em origem humilde e homem de sucesso que veio de baixo, embora seu jeito de elite e cara de ex-seminarista não atraia o cidadão comum dos bares e botecos da vida, que prefere discutir a escalação do time brasileiro a assistir propagandas políticas argumentativas.
Quem conhece o “povão” verdadeiramente, convivendo no cotidiano em seu meio social, sabe perfeitamente que, ao final da tarde, depois de umas “pingas” e garrafas de cerveja, um trabalhador braçal é completamente incapaz de discernir o que vê e ouve, quanto mais racionar em termos satisfatórios.
Um operário dorme cedo, já chega em casa alcoolizado e aproveita o horário eleitoral para fazer sexo quando consegue.
Portanto, o alcance das propagandas é muito relativo e ineficiente como fator de grandes mudanças na atitude do eleitor.
A “boçalidade de Lula desagrada grande parte da classe média, porém, a “caretice” conservadora de Alckmin, não atrai a juventude, decepcionada com o PT, mas ávida de radicais mudanças no país.
Muito jovens serão atraídos pelos pequenos partidos que repetem os passos do PT.
No entanto, ao verem seus candidatos fora da disputa presidencial no segundo turno, tenderão ao voto nulo como protesto e falta de opção.
Igualmente a classe média esclarecida, que não votará mais em Lula, mas rejeita Alckmin, engrossará este contingente de revoltados contra os políticos e sistema .
Este é o potencial de crescimento dos votos nulos que imaginamos podermos contar.