quinta-feira, setembro 29, 2005

"GUANTANAMERA"

Este país sem nome nem raças me atrai pelo desafio de fazer do errado o certo !
Sim, somos o engano da civilização, o nefasto caos sem regeneração à vista que todos testemunham e desacreditam sem a menor dúvida.
Eu também duvidaria de nossa capacidade como povo, não fossem algumas experiências pessoais que tive.
Estranho não?
Como posso crer numa coisa que de antemão nos mostram ser sem remédio e estragada para sempre .
O povo ! Os brasileiros!
Pois é... eu muitas vezes pensei desta maneira também e nunca imaginava qualquer saída para esta “sinuca de bico” que é a nossa “cultura tropicalista”.
“Soy loco por ti América, soy loco por ti de amores ...”
Poetas e idealistas sempre morrem sem glória .
Como tal, penso ser um “fantasma da ópera”, pois ainda não consegui morrer, apesar de ser um sonhador e idealista.
“Sorrisos de quase nuvem, os rios canções o medo...”
Sim... sempre sorrimos ante a tragédia de ser e a calamidade da vida .
“El nombre del hombre muerto ...”
Quem morreu? Eu ainda não, mas, outros sim e muitos , antes ...
Costumo me deixar levar pela imaginação e intuição e estas me dão um referencial a ser testado, experimentado e questionado.
Sobre o que estou digitando afinal?
Pirei?
Rs...
Macunaíma existe ou foi piada ?
Interessa-me a cultura indígena.
Tento aprender o idioma deles com amigos de nosso movimento lá da Amazônia, Araguaia , Tocantins e outros cantos do nosso esplêndido e sempre deitado eternamente país.
“AÕHE” (OI) sou um “Wayniry” para muitos aqui (“irmão mais velho”, como me ensinou meu irmão e “Waixi” , (irmão mais novo) Idjarrina Karajá lá do Amazonas) e muito me orgulho de estar aprendendo a falar com meus irmãos de sangue e nação!
Observem a organização indígena .
Sei que no passado não foram exemplos de pacifismo nem de comunidades perfeitas , pelo canibalismo e outras carnificinas , não só entre eles e suas nações, mas contra os colonizadores , também “carniceiros e exploradores”.
Não “douro a pílula” nunca.
Sempre busco ser justo e avalio o que vejo por uma ótica mais do que imparcial.
Mas, hoje, estas comunidades são um exemplo de resistência e sentimento coletivista, comunal .
Por que?
Não sei , mas depois de tanto sofrimento parece que aprenderam a encarar a vida com mais fraternidade e igualdade, nós ainda não conseguimos isto !
Aahh ... como gostaria de estar agora num rio , brincando com as crianças deles , e sendo bem recebido em seu “habitat”.
É sério mesmo!
Gostaria muito de estar agora lá, usufruindo de uma experiência única na vida !
Coisa de quem já viveu o bastante para ainda querer viver mais ! Rs.
Imaginam como este Brasil poderia ser se não nos moldássemos pelos padrões externos existentes ?
Podem conceber uma nova civilização sul-americana autóctone e original?
Eu posso e meus olhos chegam a marejar de emoção ao me deixar levar por este sonho.
Nossas raças não foram criadas para o que temos, imposto por forças externas estranhas ao nosso modo de viver e costumes .
Somos “uma tentativa de acerto ainda em moratória”.
Um povo em ebulição e fragmentação sendo guiado ao CAOS!
Todos já sabem disto e vivem esta realidade presente.
Mas ... será mesmo?
E se algo, que possa falar a “corações e mentes” for capaz de neutralizar estas dissonâncias?
Acham que será inútil tentar ?
Eu não.
Continuarei tentando e acreditando nesta capacidade potencial de um dia nos encontrarmos e partilharmos de um mesmo sentimento fraterno como um povo só!
“Yo soy um hombre sincero, de donde crecen las palmas “
Pois é ... “Guantanamera” ...
Poetas e idealistas nunca morrem, apenas seus corpos ...

Homero Moutinho Filho