Saiu agora na Tribuna da Imprensa, que José Serra comunicará sua decisão, na véspera da data limite para a desincompatibilização, dia 30, portanto.
Estão certos e acrescento por minha conta e risco, que seria aproveitando o horário do Jornal Nacional para causar mais impacto.
Orestes Quércia "respirará aliviado" exatamente nesta hora.
Resta saber a verdadeira razão.
Se o objetivo for o de se candidatar a governador então Serra ficará na prefeitura de São Paulo, caso contrário, seja o senado realmente o que pretende o ex-governador, Serra anunciará sua candidatura ao governo.
Tenho minhas dúvidas sobre o que, na verdade, deseja Orestes Quércia.
Como aprecio o jogo de xadrez, fico sempre cabreiro com certas "certezas" unânimes que apontam como inevitável a candidatura Serra.
Explico a razão.
O PSDB logicamente não quer perder sua "galinha dos ovos de ouro" que é o governo do estado (o "Rei").
Porém, a prefeitura tem maior "visibilidade" (a "Rainha", um bispo e dois cavalos) e a reeleição de Serra estaria mais garantida, sem o desgaste da responsabilidade por obras públicas, habitação, educação, segurança, etc.
Aparentemente sacrificando o "Rei", (o governo), mas salvaguardando todos os poderes no estado, através de uma aliança com o PFL e grande parte do PMDB (tudo a mesma coisa, principalmente no interior) ou outro candidato próprio.
Por enquanto, pelas pesquisas, uma vitória do PSDB com Serra estaria garantida, mas...será mesmo ?
Ele pode estar ainda frustrado com a "traição" sofrida, ao perder para Alckmin a indicação para disputar a presidência.
Neste caso, jogaria o ônus e a responsabilidade de vitória em São Paulo no colo da direção do partido, como se, por vingança velada.
Claro que estou apenas "exercitando minha imaginação", mas em política nada deve ser descartado como absolutamente improvável, mesmo diante de fatos considerados "consumados".
Se eu fosse Serra, analisaria minha situação da seguinte maneira.
Caso, por um fato inesperado, perca a disputa pelo governo, ficaria esperando uma eventual, porém, nada garantida, vitória de Alckmin, para abocanhar um poderoso ministério.
Mas e se Alckmin perder?
Como esperar até 2010, não tendo mais idade e fôlego para tanto?
Ficar sem mandato e sem cargo?
Ir para a presidência do PSDB, encerrando carreira?
Sim, porque, dificilmente tentaria novamente a prefeitura depois de trair abertamente seu juramento.
E se Alckmin ganhar ?
Encerraria do mesmo modo, pois este se candidataria à reeleição, visto que, uma vez voltando ao poder, dificilmente o PSDB pleitearia mudar as regras que possibilitam a permanência do presidente por mais 4 anos .
E se desistisse de se candidatar ao governo permanecendo na prefeitura ?
Primeiro de tudo, demonstraria coerência, sustentando com lealdade o que prometeu e assinou em debate eleitoral televisivo, sobre não largar o cargo até o final do mandato.
Segundo, teria melhores condições de terminar carreira como prefeito reeleito e até tentar novamente a presidência ou o senado, se Alckmin for derrotado, uma vez que, sabe no íntimo, não ter mais chances como "novidade" numa futura disputa presidencial, muito menos se Alckmin vencer.
Será que a "môsca azul" da ambição política superará todos estes riscos e argumentos ?
Por que demora tanto, se FHC está de viagem marcada para os EUA esta semana, não sei se antes do dia 30 ?
O lógico seria que FHC aqui permanecesse mais um tempo, para a encenação de sempre, como "coordenador", em celebração pelo lançamento da campanha, não acham ?
Qual a razão de "sair assim de fininho" ?
Estaria já tudo há muito decidido pela cúpula do PSDB ?
Mais uns dias e veremos.