ENTREVISTA VIRTUAL
Entrevista virtual, concedida à Heidi Klauss, uma repórter virtual, de uma “tv” virtual de um país idem.
P- Seria possível os cidadãos chegarem ao poder e exercê-lo?
R- Sim, seria .
P- Através de uma revolução sangrenta?
R- Claro que não desejamos isto, os resultados seriam desastrosos, como a História demonstra.
P- De uma intervenção Divina que repentinamente nos livrasse da presença dos que hoje se perpetuam amparados pela Lei?
R- Não contemos com esta solução “milagrosa”, por enquanto, rs...
P- Uma reforma política possibilitaria uma verdadeira Democracia Direta capaz de realizar esta grande mudança?
R- Nunca haverá uma verdadeira reforma política elaborada por políticos. Questão de auto-preservação e sobrevivência deles.”Baratas não patrocinam o Baygon”.
P- E o voto nulo? O que aconteceria depois se invalidássemos todas as eleições simplesmente obtendo a maioria na presidencial?
R- Uma grave crise institucional provocada pela perda de legitimidade da classe política e reprovação explícita do sistema de Democracia Representativa.
P- Como desalojaríamos os governantes e poderes que se recusarão ferozmente a largar o osso?
R- Não somente possível como provável , porém precisaremos analisar certas tendências da insólita situação política atual.
P- E as Forças Armadas? Que papel desempenharão? Retornaríamos a um regime militar?
R- Pela vontade da maioria moderada dos militares, creio que não haja este tipo de pretensão, pelo contrário, embora o agravamento das condições de insatisfação por diversos motivos, inclusive salariais, esteja sendo explorado por “infiltrações ideológicas” que ameaçam a disciplina interna, fato inaceitável para as FA’s e uma das principais causas da intervenção em 1964. O “Manifesto” transcrito no penúltimo artigo abaixo, demonstra claramente que a situação está saindo de controle, pela “inércia” do alto comando em pressionar pelas reivindicações de aumento dos soldos. Acresça-se a isto a indignação pelos crimes e desmandos da classe política.
P- Não interviriam então?
R- Com certeza interviriam para manter a ordem e proteger as instituições. Talvez por um breve período, sem ocuparem diretamente o poder, durante a transição para a realização de uma Nova Constituinte, ou simplesmente teríamos um caos completo, pela ação do crime organizado, vândalos desocupados ou milícias radicais de ambos os lados.
P- E quem participaria da elaboração desta Nova Constituinte?
R- A sociedade organizada (Movimentos, órgãos, entidades, sindicatos,etc.) através da formação de conselhos de consulta à população e segmentos representativos.
P- E os partidos políticos?
R- Para que seja autêntico e isento de interesses, o movimento não poderá obedecer a objetivos ou comandos partidários. Os que forem filiados, se quiserem participar, terá de ser individualmente, como cidadãos comuns, sem conotações partidárias.
P- Esta “intervenção” poderá ocorrer antes das eleições?
R- Sim, se a situação atingir um grau de ingovernabilidade que não possa ser resolvida apenas por pressão, pelo afastamento do presidente e posse do vice (embora o partido deste, o PL, esteja envolvido demais com o “mar de lama”), não podemos descartar esta hipótese.
P- Haverá desordem, conflitos ou violência nas ruas?
R- Pelos rumos tomados pelo presidente buscando apoio junto ao povão, podemos esperar embates entre o PSTU e sindicatos não controlados pela CUT, Força Sindical contra a própria CUT,micro-sindicatos,UNE,talvez o MST. Não creio em “caras-pintadas” pois foram produto da esquerda organizada e muito estímulo da mídia.Desta vez a coisa será muito mais violenta devido aos interesses de militantes sindicais.
P- Há possibilidade de renúncia?
R- Não creio nesta hipótese. Pelo pouco que conheço de temperamentos, o presidente preferiria repetir Getúlio Vargas, se “imortalizando” com um suicídio, do que renunciar. Primeiro tentará de tudo. Ante a ameaça de um inevitável afastamento forçado, optará pelo ato “heróico” de se auto-imolar. Ele já “encarnou” o mito, acredita realmente ser um “ungido” pela sorte e imbatível. Não tem para onde voltar e não suportaria o anonimato sem mordomias de um cidadão comum. Se os partidos de oposição insistirem na tática errada de lhe darem fôlego, poupando-o de um “impeachment”, por pensarem que o pegarão nas eleições enfraquecido e desmoralizado, estarão “brincando com o fogo” pois ressurgirá mais forte das cinzas como Fênix. Nos próximos dias e semanas do princípio de agosto, verão o que ele fará em termos de populismo, para tentar intimidar o Congresso e salvar sua “camarilha”, principalmente seu mestre e “vizir”, José Dirceu da degola .
A Estratégia da Esquerda
Muitos pensam que os líderes dos partidos, ou “ídolos” dos mesmos e seu grupo mais próximo, sejam os “articuladores” das estratégias políticas. Na verdade não são e nunca foram. Os verdadeiros ninguém vê nem aparecem. Na maioria das vezes estão ou obedecem a comandos do exterior. Os políticos são apenas “peças vaidosas e úteis” num tabuleiro.
A maioria nem sabe quem manda e os manipula como se fossem marionetes.
P- Como foi a “conquista do poder” efetuada pelas chamadas “esquerdas”?
R- Um enorme “conchavo”com centro e direita moderada, bancos, grandes capitalistas e empresários. Alianças espúrias e negociatas, “a peso de ouro” , como hoje estamos sabendo por causa das CPIs.
P- Então do que valeu a “esquerda” ter até de “comprar” o apoio do PL e dos demais partidos de “coronéis”políticos como Sarney, etc?
R- Muito simples.
Fase 1- Pensaram que, uma vez “comprados” , poderiam ser futuramente “imobilizados” pelo “aparelhamento” da máquina estatal, tomada pelos militantes.
Fase 2- Fortalecimento financeiro do partido para promover grandes mobilizações e garantirem a aprovação de todos as MPs e projetos .
Fase 3- Reeleição de Lula. sem necessitar de coligações, após um último período de medidas populistas.
Fase 4-Fortalecido pela aprovação popular, “peitaria” o Congresso, amparado pelo “aparelho” burocrático, porém, somente após as esquerdas terem se infiltrado na soldadesca e baixas patentes, promovendo a insubordinação hierárquica capaz de deixar o alto comando sem qualquer obediência prática.Grandes milícias populares com farto armamento contrabandeado, estariam prontas para o combate . Tomada de poder total?
Não, somente argumento, para, ante o pior, aceitarem conceder mais poderes ao presidente, tornando-o um “ditador de fato”. Logo as “milícias” sumiriam de cena ou seriam “incorporadas” como forças de segurança especiais do governo e a “conquista” do poder real teria se consumado. A máquina pública completamente infiltrada, permeada e dominada, o Congresso fechado ou cativo, a “camarilha” assumiria diretamente todos os postos de comando.
P- O que deu errado?
R- Os “compromissos” assumidos com a “situação” (manutenção de cargos de apadrinhados e “paus mandados”, ministérios, contratos, interesses externos,etc) eram muitos. Tiveram “criar” inúmeros ministérios, onde colocassem seus militantes e não contavam com certas derrotas importantíssimas nas eleições que exigiram mais cargos de importância no primeiro escalão do governo.Aos poucos, a “cúpula” começou a se sentir “poderosa” demais e esquecer de “cumprir” algumas ordens de “fora”, achando estar numa posição não tão secundária.
A “situação” majoritária no Congresso veio com “voracidade” excessiva, cobrando cada voto. O PT teve de “repartir o bolo”, tirando parte do que seria pela “causa” e bolsos de seus dirigentes, para atender as “necessidades” urgentes dos parlamentares.
Ao invés da “esquerda” dominar a maioria de centro-direita, se deixou envolver embasbacada e deslumbrada pelas “delícias burguesas “ e vaidades do poder. Na verdade já não eram desde os primeiros cargos e empregos obtidos em governos passados, ou nunca foram “povão” os do PT . Os ternos “Armani” de Lula e sua “camarilha” eram “camisas-de-força” camufladas. Os agrados e lisonjas dos governantes estrangeiros eram “afagos no cãozinho”, concedidos pelo FMI, pois a elite sabe como lidar com quem vem de baixo e subitamente se cerca de tentações “irresistíveis”.
P- E a ala mais à esquerda do PT que foi expulsa?
R- Gostaria muito de estar enganado, mas existe um estratagema mais do que conhecido para “evitar” o desgaste “ideológico”prematuro, preservando uma “reserva tática”, caso a cúpula majoritária caia em desgraça perante os simpatizantes, por não poder cumprir as promessas e esperanças depositadas. O que acontece então? Forja-se uma indignação contra a relutância da “esquerda” no governo em cumprir o que prometeu sobre as grandes metas sociais. Com um braço segura-se o governo, com outros abraça-se a militância idealista deixada fora do poder. Para isto, há que se ter uma outra liderança que faça alarde e se mostre irredutível a ponto de se tornar “dissidente” com “expulsão” fartamente divulgada pela grande mídia, forma-se outro núcleo ou “abrigo”, como eles passaram a chamar, para os “puros” idealistas.
Não pensem que isto veio de planos de Lula ou Dirceu nem da cúpula majoritária do PT!
Isto é obra de um planejamento de fora que cuida da “esquerda” no Brasil.
Acham que Fidel Castro faz o que na vida? E os “camaradas” da Europa e Rússia?Lula “ensaiou” uma dança com os chineses, mas todos eles sabem que o “modelo comunista” cubano, seria o que mais chances teria de adaptação em nosso país, só que sob um “disfarce democrático digerível” aos interesses econômicos do exterior. O “carisma” populista de Lula, seria substituído em 2010 pela “camarilha” de Dirceu & cia.
P- Haverá “impeachment”?
R- Duvido. Não será por causa de um Congresso enfraquecido, envolvido em corrupção. Será por uma opção burra da “oposição centrista”, em enfrentar um Lula desgastado e fraco nas eleições de 2006, dividindo votos com a esquerda radical.
P- Haverá eleições?
R- Penso que, se agirmos inteligentemente e aproveitarmos as brechas, das duas uma, ou haverá e venceremos com o voto nulo ou forçaremos uma Nova Constituinte antes disto pela desobediência civil, mobilizações, eventos, projetos apresentados à sociedade, etc. Nas duas hipóteses convocaremos uma Nova Constituinte mudando completamente o sistema e instauraremos uma verdadeira Democracia Direta até, no máximo, 2007.
P- Muito obrigada.
R- Nós que agradecemos. Quando sairá a matéria?
P- Que matéria? Somos virtuais, esqueceu?
R- Alegria de pobre dura pouco, me deixei deslumbrar pelo “poder”... esqueci...
Homero Moutinho Filho
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