Todos somos ou fomos revolucionários e idealistas um dia em nossas vidas, especialmente na juventude.
Pelo menos muitos sim.
É normal este sentimento e vontade de mudar o mundo.
Alguns levam esta chama ardente até o final de seus dias, outros não, vão se acomodando, criando defesas psicológicas que justifiquem o seu abandono dos ideais.
Costumam se cercar de “verdades” social e cientificamente aceitas como; “pragmatismo”, “realismo” e outras tantas justificativas inócuas .
Tudo para ocultarem o seu receio de ousar, sua perda de ímpeto transformador e inércia .
Estes, na verdade , talvez nunca tenham sido idealistas, apenas tentaram acompanhar a “onda’ do momento e se deixaram levar para onde nunca devessem ter ido.
Um verdadeiro idealista já nasce assim, desde os primeiros passos , as primeiras atitudes de rebeldia e afirmação de personalidade .
Todos somos e devemos ser iguais perante a Lei e termos os mesmos direitos, porém, sabemos que somos desiguais em potencial e força interior frente a vida .
Isto jamais deverá justificar as desigualdades, pois o dever dos mais aptos é despertar as potencialidades latentes nos menos favorecidos pela oportunidade .
Um ser humano só evolui se levar outros tantos consigo em sua caminhada .
Gautama Buda disse uma vez que não entraria no reino dos céus enquanto o último ser humano não tivesse entrado.
Palavras sábias.
O conhecimento egoisticamente guardado é um pesado fardo de culpa e responsabilidade .
Se puder ensine, se não puder aprenda. Esta é a Lei máxima da evolução.
Nunca prejulguem nem deixem que a soberba ou vaidade os dominem.
O pior dos pecados humanos é desmerecer o seu semelhante, pois quem desmerece aos outros desmerece a si mesmo.
Temos a necessidade de heróis e salvadores . Isto é uma realidade.
Entretanto, devemos pensar bem e refletir sobre esta carência que só nos trouxe dissabores e decepções através da História .
Somente seremos plenos e autônomos , quando nos livrarmos desta carência.
Muitos me perguntam; “quem será o nosso líder?”, quando tento passar a eles que não precisamos disto.
É um paradoxo. Se há um líder, os demais são meros seguidores , se não há , inexistem seguidores ou qualquer ação coordenada. Se os seguidores forem todos líderes não haverá um líder nem seguidores.
Este é o meu ponto de partida para tentar despertar esta capacidade que todos temos, embora por vezes nem saibamos ter.
Não devemos tentar conscientizar ninguém.
Apenas devemos trocar, esclarecer, se possível e deixar que as pessoas acabem por si chegando à alguma conclusão própria .
Isto é ser igualitário.
Respeitar a capacidade alheia .
Não somos os donos da verdade nem indivíduos superiores.
Voltando aos idealistas, não creio que todos tenham esta tendência e citei acima serem muitos , mas não a maioria .
Quem tem animais domésticos , já observou as crias , suas diferenças desde que nascem , os “dominantes” , mais ativos, os mais “passivos”, etc.. É a natureza .
No entanto, com os humanos a coisa é diferente, pois não são os mais fortes ou ativos os “dominantes” .
Temos características mentais e espirituais que nos diferenciam de uma simples classificação “Darwiniana”.
A evolução humana não se faz pela força, se faz pela inteligência e criatividade!
Portanto, de maneira muito diferente dos demais animais.
Não será o mais forte que pintará uma Mona Lisa, nem comporá uma sinfonia,
Muito menos inventará o avião ou o computador.
Os mais fortes freqüentemente nos servem como seguranças ou guardas, policiais, soldados, ou são atletas, não os líderes e poderosos do mundo.
Esta é grande diferença entre humanos e não-humanos.
O que é um ideal senão uma projeção do nosso conceito divino interior?
Mesmo aqueles que se dizem ateus ou materialistas crêem intensamente numa ideologia e a ela se dedicam com uma “fé” e “devoção” dignas do mais santificado ser.
Pois é... qual a diferença entre estes e os crentes de qualquer religião?
Ambos dedicarão seus maiores esforços e vontade em prol de um “ideal” .
Ambos “acreditam” em algo!
Humanos necessitam de ideais e rumos para sua saúde mental e equilíbrio.
Como um navio precisa de um farol, para se guiar em costas traiçoeiras .
Alguns perguntarão; “se sempre existirão líderes em qualquer grupo, como alcançaremos uma verdadeira Democracia Direta, total, onde todos tenham os mesmos direitos ?”
Simples.
Sem delegação de poderes, sem representação.
A liderança dos trabalhos num conselho de cidadãos será por sorteio e rotativa, dando chance para que todos a exerçam.
Sem conchavos ou negociações, sem imposições ou indivíduos “carismáticos”.
É tão simples assim?
Por que nunca fizeram deste jeito?
Porque isto anularia o controle e domínio dos poderosos, os que manipulam suas marionetes (políticos) e sempre nos governam .
Morrer se necessário por um ideal?
Sim !
Um ser humano sem ideais, não vive, vegeta!
O mundo está na UTI, em estado terminal, as instituições democráticas ou não, estão falidas e podres , publicamente desmoralizadas !
A natureza se rebela e reage dizimando vidas e destruindo cidades .
O que está acontecendo ?
É o caos esperado pelos mais lúcidos que acompanham o desenrolar desta tragicomédia bizarra da vida que é a nossa civilização.
É hora do despertar, de uma nova consciência e mentalidade capaz de salvar, não a todos, pois isto cabe à uma força superior , mas a nós mesmos e a muitos que sintam esta vibração e necessidade de mudanças.
Infelizmente, teremos de enfrentar o caos antes da salvação e reconstrução.
Mas o ideal sobreviverá a tudo !
Homero Moutinho Filho