Contradições "democráticas".Parte II
* A "menor minoria" é o cidadão, um indivíduo,livre para pensar, julgar, opinar e decidir, assim vale o seu voto e vontade.
* O argumento que uma "verdadeira Democracia" implica numa "ditadura da maioria proletária",(que por si, já consiste em conotação pejorativa), encontra similar dedução na "ditadura" de minorias intocáveis",privilegiadas e protegidas contra quaisquer críticas ou simples menção, onde somente a maioria tenha de ceder em sua livre expressão e nunca a recíproca seja exigida.
* Todos podem rotular a qualquer um de retrógrado, reacionário, nazista, radical, sem que isto incorra em processo ou direitos da parte atingida.
* No entanto, se alguém disser que não acha o homossexualismo natural ou benéfico para a humanidade, será violentamente criticado ou processado por discriminação.
* Podemos dizer que somos comunistas (que mataram mais de 20 milhões de pessoas, a maioria cristãos, na Rússia) e criarmos partidos comunistas, entretanto, não podemos por lei,registrar partidos nacional-socialistas ou considerados de extrema direita.
* Logo, esta Democracia que temos é uma falácia!* O "politicamente correto" é a ditadura da mordaça"!
* Podemos não concordar com nossos oponentes, mas eles também têm o direito de expressarem livremente suas opiniões e, se estas forem as da maioria, numa Democracia verdadeira, teria de ser acatada pelo voto vencido, não importa a que interesses e “direitos” contrarie.
* Vejo, portanto, muitas contradições e dificuldades para atingirmos um estágio de compreensão e respeito pelas diferenças, devido antagonismo entre o ativismo minoritário e a vontade majoritária.
* Penso que não só o Brasil, mas também outros países estejam caminhando para violentas e descoordenadas guerra civis.
* Os que se julgam detentores de direitos conquistados e os que se julgam usurpados e não democraticamente consultados, dificilmente cederão em suas posições. Ainda mais quando o assunto envolve religião, costumes e política os pavios são curtos e os estopins já foram acesos.
* Se quisermos ter sucesso em alguma mobilização da sociedade civil para darmos um fim ao estado de descalabro, degradação e impunidade, teremos de encarar com frieza certos fatores fundamentais para atingirmos corações e mentes.
* Estes são os principais desafios a serem superados:
1)O condicionamento psicológico subliminar do povo realizado pela mídia (hoje o “primeiro poder”) ao longo de quatro décadas, mais intensamente na última pela ação coordenada de segmentos ideológicos de enorme ativismo e poder de manipulação, infiltrados em todos os meios de comunicação, fora os círculos acadêmicos. O “politicamente correto” levado ao extremo do “patrulhamento ideológico e comportamental”, é um nefasto exemplo desta influência, introjetada ao longo dos anos pela população.
2)Temos hoje uma sociedade fragmentada, passiva, egocêntrica, dependente, infantilizada, hedonista, dispersiva, complacente e frouxa . Infelizmente esta é a verdade nua e crua.
3)Os segmentos mais organizados, só lutam por seus interesses imediatos, vide as “minorias”, apesar das ONGs serem um potencial muito importante para efeito de futuras manifestações. Já temos algumas simpatizantes colaborando inicialmente em nosso movimento representadas por seus diretores. Outro é o dos empresários (pequenos e médios) como os que pressionaram contra a MP232.
4)Os jovens, embora cheios de idealismo, mimetizam e repetem conceitos gerados pela mídia e por seus professores, o que dificulta a absorção de argumentação oposta descondicionante desta “lavagem cerebral” a que foram e são submetidos continuamente.
5)Intelectuais não representam mais força de pressão considerável, isoladamente, nem têm qualquer voz ativa, exceto os mais conhecidos popularmente, através das grandes redes de comunicação. Basta constatarmos o fracasso do recente “manifesto da OAB”, abortado sem a menor repercussão. A mensagem tem de ser “emocionalmente” eficaz e não “racionalmente” complexa, para ser entendida convenientemente.
6)O desejo de maior participação democrática é restrito a uma ínfima parcela mais culta da população. As pesquisas do PNUD demonstram claramente, que o povo, majoritariamente (54%), nada tem contra um regime autoritário (ditadura) que resolva seus problemas, principalmente a economia do país.Somente uns 37% ainda apoiam a democracia, 59% sequer sabem o significado da palavra .Ou seja, a maioria esmagadora não está interessada em maior poder decisório, muito menos em perder seu pagode ou churrasco de domingo refletindo sobre referendos e plebiscitos. Como sempre, “pão e circo” é a regra geral. E não se surpreendam, pois nestes 54% , está incluída grande parcela da classe média descrente na democracia representativa. Observem que no último plebiscito que tivemos, o povo escolheu o presidencialismo( mais semelhante ao estereótipo compreensível de “um rei para todos” eleito pela maioria) ao invés do parlamentarismo. Não adianta querermos mudar, a curto prazo, esta realidade.
7)Portanto, será muito difícil, conseguirmos sucesso numa campanha pela inclusão de medidas restritivas aos políticos, sem contarmos com o já impossível e improvável apoio da grande mídia, comprometida ideológica e economicamente (empréstimos concedidos) com o governo. Não temos uma “imprensa” neutra, imparcial, representativa de todas as nuances ideológicas da sociedade. Há sim, um jornalismo militante, altamente vinculado a interesses partidários de uma só corrente de pensamento. Notem que, apesar da grande dissidência ocorrida no PT, em virtude da traição aos ideais históricos e escândalos freqüentes, a maior parte da mídia ainda continua a defender ou pelo menos evitar críticas mais contundentes ao governo, arranjando outros “bodes expiatórios” como o Severino Cavalcante e o eterno preferido, Maluf, desviando a artilharia do que deveria ser investigado e julgado dentro do mais alto escalão governamental (Waldomiro, José Dirceu, Meireles,etc.).
8)A juventude, por ainda não ter o “rabo-preso” nem interesses cristalizados, anseia por drásticas mudanças. Do mesmo modo, grande parcela indignada, porém, um tanto receosa, quanto ao alcance destas radicais transformações desejadas, prefere algumas medidas paliativas de menor âmbito, por razões óbvias de risco diante de um novo “status quo” contrário, que ameace sua frágil posição social conquistada.
9)Sabemos e pressentimos que uma nova mentalidade está sendo requisitada pelo inconsciente coletivo, exigindo grandes guinadas de rumo, providências a serem tomadas e medidas que requererão pulso muito firme e até um certo “autoritarismo” para que sejam respeitadas e aplicadas com sucesso. Isto não será possível ou viável num contexto de concessões a todos os segmentos com interesses próprios ou por meio de um consenso geral. É como um pai, ilhado em seu quarto, cuja filha está dando uma festa, que necessita urgentemente ir a um outro aposento, mas não deseja ter de se vestir ou atrapalhar a liberdade dos jovens, para não parecer autoritário e vigilante. Sua situação é difícil, pela barulheira, desordem e casa repleta. Terá de se esgueirar pelos cantos pedindo licença a cada um, que sequer o ouvirá, até chegar ao seu objetivo ou simplesmente desligar o som e dar um berro; “SAIAM DA FRENTE ! QUERO E PRECISO PASSAR!”. A maioria compreenderá este ato de necessidade, alguns
pequenos grupos não e se acharão no direito de reagir contra o dono da casa e a compreensão da maioria. Neste caso, só há uma solução civilizada. Chamar a polícia e retirar os desrespeitosos mais agressivos.
10)Queiramos ou não admitir, teremos de constituir uma nata de pessoas capazes, competentes, dignas e incorruptíveis, apoiadas pela anuência das FAs (sim, pois sem a disposição e distanciamento, tácita ou explicitamente favoráveis dos militares, nada se conseguirá) num esforço até “messiânico” de implementar reformas abrangentes e inadiáveis. Um combate efetivo ao crime organizado e a corrupção é fator inquestionável, sem o que nada mudará. Reformas orgânicas no Judiciário e Legislativo também são imprescindíveis, anulando-se direitos adquiridos em causa própria, o mesmo para o parasitismo burocrático e nepotismo. Isto não se conquista “pedindo licença” ou concordância dos interessados. Como sempre afirmo, “baratas não patrocinam o Baygon”! Claro que, após estas mudanças, cada ato posterior de alcance nacional teria de ser aprovado democraticamente por todos os meios e recursos disponíveis de consulta popular, desde as instâncias mais baixas, a comunitária e municipal até a
federal. Entretanto se esperarmos pela solução vinda de uma “comissão de consenso geral”, só teremos “camelos” por resultado.
11)Uma verdadeira Democracia Direta exigirá um planejamento de longo alcance, a ser posto em prática gradualmente , visando uma mudança comportamental e reeducação do povo, ensinando-o a administrar diretamente seus problemas, encontrando soluções próprias, independentemente de ideologias ou carreiristas políticos.
* Instrumentos há, para viabilizarmos alguma providência, até mesmo uma emenda constitucional, através de iniciativa de entidades como a OAB sem precisarmos dos políticos, mas tudo requer tempo hábil e poder de mobilização para conseguir as assinaturas suficientes. Muito improvável de ser realizado em pouquíssimos meses.
* O que ocorre é uma total separação entre o estado de fato e o de direito!
* Inexiste ética sem moral e esta pressupõe bons costumes , uma vinculada a outra ou nenhuma será existente verdadeiramente .
* De nada nos adiantará questionamentos sobre as “conquistas da sociedade” (geralmente condicionadas pela mídia contra a vontade do que julgam ser a “maioria burra, conservadora e silenciosa”) sem termos em vista, que uma sociedade ou civilização, depende de estruturas fundamentais para a sua sobrevivência. Ou as temos ou sucumbiremos como as demais que já sucumbiram e foram devastadas .
* Portanto, nos resta discernirmos, até que ponto poderemos conceder e até que limites poderemos ceder, ante o império da mediocridade avassaladora que nos oprime no cotidiano e nos agride esteticamente e em brios.
* Mudar um país ou uma mentalidade já degradada e deteriorada requer muita determinação para fazer valer a justiça dura e rigorosa , a despeito do que pensem ser ou não passível de críticas sobre direitos humanos.
* Por tudo isso, não dá para esperar uma mudança de mentalidade de nosso povo a curto prazo (o que só poderá ser conquistado através de um longo e gradativo processo de educação).
* Vejam bem, que em determinados casos de crimes hediondos e meliantes contumazes de longa ficha de homicídios e barbaridades cometidas, não há que se admitir frouxidão ou descaso em termos de punibilidade. Fraternidade é uma coisa , bobeira é outra!
* Para mudarmos o Brasil, teremos de “simplesmente “, mudar o povo! Vejam como será tarefa ultra-difícil e árdua querer mudar um “status quo” que beneficia a todos igualmente, tanto às elites quanto aos do “povão”!
* Não será fácil, eu sei , mas poderemos , e sabem como? Dando o exemplo vindo de cima , aos que ainda têm fé e esperança numa mudança possível e viável, desde que, indiquemos os meios e como alcançarmos os resultados finais .
* Mudar uma sociedade hedonista, egocêntrica e exclusivista, é coisa de dar medo a qualquer profeta ou pastor de uma nova era . Entretanto, pelas minhas experiências de vida e contato muito íntimo com o povão que sempre tive , sei que TODOS ESPERAM UMA LIDERANÇA CAPAZ DE COBRAR-LHES SACRIFÍCIOS, PORÉM POR UMA JUSTA CAUSA COLETIVA!
* Pois é... todos sentem uma necessidade de guias honestos e uma definição de vida para se direcionarem . Esta é a razão do sucesso de seitas e novas religiões que para eles propõem o sucesso pessoal material e a felicidade acima de tudo, mesmo que ilusoriamente.
* Claro que é uma visão deturpada do processo todo e não condiz com a realidade que deveríamos enfrentar , mas é a “solução imediata deles”. Todos desejam uma resposta e alívio para suas dúvidas.
* "O povo entende uma mensagem de cada vez" , mais não! Ora, isto Hitler já dizia em seu “Mein Kempf” . Ditadores e populistas, bem ou mal, entendem mais o povão do que políticos intelectuais.
* Querer fazer do povo um “receptáculo de nossa intelectualidade e capacidade de tirocínio” é o mesmo que triturar tomates esperando um “fondue”! Não dá.
* Isto não é elitismo é realismo!
* Alguns dirão que uma sociedade guiada pelos mais competentes ou qualificados não terá a legitimidade dos representantes eleitos que defendam determinadas “minorias” ou “interesses” . Repito que, “menor minoria” do que UM, não existe , portanto, o voto é válido e unitário independendo de grupos ou seitas interessadas nele! Afinal, quem pode controlar quem passe num concurso para ocupar um cargo público? Não lhes parece mais justo do que esperar que um “líder de bairro, carismático” assuma o poder, possa nomear e indicar , por ter prometido uns tijolos a uns e um par de sapatos a outros?
* Esta é a minha idéia , num esquema de Democracia Direta para compensar certas impropriedades e equilibrar as representações , colocando em pé de igualdade concursados e eleitos para termos uma administração conjunta ,mais racional da coisa pública .Todos com iguais direitos de fiscalização, auditoria, encaminhamento de projetos e petições e todos sujeitos ao aval de quem os elegeu também , ou terão seus mandatos revogados por uma moção de desconfiança . O resto é a eterna demagogia política e clientelismo !
* Sobre as manifestações na Internet teria a dizer que apesar de muitas e bastante intensas, noto uma falta de articulação ou egocentrismo em certas atitudes que buscam mais uma promoção do que uma participação, na realidade . Vejam que os atos de protesto que tiveram bons resultados foram apenas dois. O da MP 232 por causa do interesse econômico dos empresários e a do aumento dos salários dos parlamentares, porque os senadores que dependem mais dos votos das metrópoles, portanto, da classe média também e, principalmente, dos “internautas” , fizeram “cara feia” ante os deputados que não puderam reagir pois dependiam da aprovação do senado.
* Observem que nossa classe média espera um milagre! Como critiquei em meu manifesto “ Baratas e Baygon” , os políticos nunca patrocinarão a sua extinção ou limitação de poder!
* Entretanto, a nossa famigerada classe média, espera “comportadinha”, alguma providência do “acaso” ou de algum “político” que ouse lutar por mais “algumas concessões” aos eleitores .
* É ... não tem jeito mesmo, esta atitude de marasmo e expectativa de quem poderia influir mais decisivamente nos destinos de nosso país.
* O que nos resta então? Bem... pensando em termos mais radicais , eu diria o que sempre disse, a Desobediência Civil, em todas as suas formas e o voto nulo na eleição presidencial! Notem que eu falo apenas na escolha do presidente . Por que ? Bem, muitos ponderaram que também alguns grupos , religiosos ou econômicos,poderiam se aproveitar e eleger seus deputados majoritariamente para o Congresso, durante uma campanha bem sucedida pelo voto nulo, pois este não anula a eleição e teriam forte apoio da grande mídia comprometida que diria ser “antidemocrático votar nulo”!
* Apesar de ser visceralmente contra partidos políticos, como podem constatar por minhas intervenções sobre o assunto, pensei bem e resolvi dividir em dois estágios, o caminho para a conquista da Democracia Direta, visando viabilizar e assegurar uma transição mais concreta e possível para os que, mesmo se vitoriosos, ficariam fora do processo de instauração, que seria entregue mais uma vez aos mesmos políticos que formularam a “Constituição Cidadã” de antes.
* Não me restou outra saída, senão “engolir seco” e aceitar a sugestão de muitos membros, para criarmos um partido e tentarmos uma maioria a médio prazo, capaz de garantir esta convocação e reformas necessárias.
* Sei que isto é temerário e muito difícil, quase impossível, para quem estuda a História e Ciências Políticas. Será uma verdadeira “epopéia”, mas, creio na palavra vinda do peito que atinja corações e mentes, onde os argumentos sucumbem ao valor da experiência de vida e palavra fácil que todos entendam, pois vem do mais recôndito de nosso ser, do espírito e de nossa vontade em mudar este país, para que tantos possam viver melhor sem as desigualdades e injustiças de hoje.
Homero Moutinho Filho