"ACORDÃO" ou REVOLUÇÃO ?
As tentativas de se promover um “acordão”, orquestrado pelos presidentes da Câmara e do STF, demonstram claramente a gravidade da situação do governo.
Os mais lúcidos rejeitaram, abortando, por enquanto, o plano visando “proteger” centenas de parlamentares, “blindando” de vez o presidente Lula.
Ocorre que as reações populares seriam bastante incomodas para administrar.
Não podem mais “fritar” a “lula” aos pouquinhos, como gostaria a oposição, porque “vazaram” informações, já em posse, segundo comentários, de uma importante revista, que só não divulgou o material em razão de fortes “pressões”.
Seriam os tais cartões corporativos usados por familiares de Lula, ao que consta, pagos com o dinheiro do “Valerioduto”. O comprovante do empréstimo sem juros concedido a Lula pelo PT sumiu da CPI. Muitos outros ainda “sumirão”.
Uma coisa é certa. O presidente Lula será atingido em cheio, caso estes documentos sejam divulgados.
Há uma grande movimentação de governadores, parlamentares, etc, talvez “costurando” um outro acordo para um provável “afastamento” de Lula.
Isto requer tempo para ser “alinhavado” pelas instituições, mas já estaria sendo providenciado. A dificuldade é a ausência de um substituto confiável, com moral para gerir a transição.
Quem seria? O vice-presidente? Acaso não é do PL, partido governista aliado do PT nas tramóias e “mensalão”?
O atual presidente da Câmara, mais envolvido ainda?
O presidente do STF, que extrapolou suas atribuições bancando o articulador político do governo?
Este é o grande dilema que aflige a todos.
Todos perceberam a forte resistência que encontrarão, em virtude do destempero demonstrado por Lula nas últimas viagens e discursos de uma grotesca demagogia populista.
Não poderão esconder as provas, sob pena de serem “triturados” pelos jornalistas e cidadãos indignados.
O principal apoio de Lula era a mídia, em sua totalidade simpática ao PT e esquerda. Hoje não encontra sequer um artigo em sua defesa. Está sendo “desconstruído” pela imprensa, perdeu suas bases aguerridas de jovens militantes que migraram para o PSTU e P-SOL.
O PT virou um partido de “bandidos sindicalistas” aos olhos do povo. Está destroçado, não consegue encher uma Kombi de ativistas para recepcionar o presidente em suas andanças e discursos pelegos.
O termo “abrigo para as esquerdas” insistentemente repetido pela senadora Heloisa Helena é “emblemático” , sinaliza uma convocação para o reagrupamento das alas mais radicais do PT para que escapem do abate, enquanto há tempo, até o final de setembro, para se desfiliarem .
Os petistas estão num barco fazendo água, porém, a outra opção é uma mulher magrinha soprando uma bóia murcha.
O problema é que o P-SOL ainda não conseguiu as assinaturas suficientes, pois mais de 30% do que coletaram, não foi aceito por irregularidades. Correm o risco de não conseguirem o registro a tempo de disputarem as eleições de 2006, perdendo uma enorme oportunidade pela atuação da senadora nas CPIs, fartamente divulgada pela mídia. O mesmo para Denise Frossard, o deputado Fruet e outros tantos, que aproveitaram esta chance para “crescerem” em seus partidos, “atropelando” velhas lideranças e caciques políticos, hoje alcançados pelos estilhaços do “mensalão”.
Novas “estrelas” estão despontando nas comissões, esfacelando mais ainda os partidos, pois agem num “furor combativo” como agiam “os intocáveis” na década de 30 caçando os “gangsters” da máfia norte-americana. Isto agrada o público passando uma imagem positiva de alguma esperança na classe política, impressão esta que, se formos analisar a fundo não seria verdadeira, pois foram eleitos usando o mesmo dinheiro sujo dos fundos e contribuições de seus partidos.
Mas, para o “consumo” popular serve, criando também alternativas para uma intelectualidade sempre em busca de novos “ícones”.
Não tenho dúvidas que ocorrerá o que venho prevendo.
Lula não tem saída. Agora é “xeque-mate” inevitável.
Na haveria tempo para um “impeachment”, a não ser que passem por cima dos procedimentos legais, como fizeram com Collor, o que lhe deu a oportunidade de alegar irregularidades processuais e ser absolvido.
Até o dia 08 de agosto a OAB fará um pronunciamento encostando Lula na parede.
“Agosto, mês de desgosto”, pelo menos na nossa tradição política.
Dia 16 concentração da UNE em Brasília. Dizem que não gritarão “fora Lula”. Na verdade desejam esvaziar uma possível reaparição espontânea dos “caras-pintadas”, encampando o movimento . O atual presidente da União dos Estudantes é membro do PC do B. aliado de Lula.
Não duvido que sindicalistas aproveitem para defenderem o governo.
Dia 17 outra concentração, desta feita do PSTU, P-SOL etc. Aí o caso será diferente, pois pedirão a cabeça do presidente.
Provável embate e conflito de forças? Quem sabe?
Vendo-se sem perspectivas de salvação, Lula optará pela luta aberta, dando sinal verde para o MST e milícias ainda ocultas, que aparecerão no devido momento para defenderem o governo contra um “golpe das elites burguesas”, causando um “caos” rural.
A CUT e alguns sindicatos sairão às ruas aumentando a confusão, para darem o chamado “respaldo popular”, bem ao estilo “peleguista” da era Jango e antigo PTB.
A Força Sindical e outros também sairão só que contra Lula.
Novamente a “esquerda burra” provocará outra intervenção das forças armadas?
Estranha movimentação de veículos militares está ocorrendo no Mato Grosso e região da fronteira.
Os 4.000 sargentos em serviço no Rio de Janeiro foram convocados para o dia 03/08 . Para que? Questão de correção de quebra de disciplina?
300 paraquedistas desceram em Itaipu.
6.500 soldados foram deslocados para a Amazônia e estão em intenso treinamento.
Bases foram mudadas.
Artigos e opiniões de importantes militares da reserva publicados em jornais e “sites”,cobram atitudes da sociedade e das FA’s .
“Recados” e cartas diretas do Clube Militar demonstram inequívoca irritação e insatisfação não somente quanto aos soldos, ebulição nos quartéis e quebra de disciplina, como também pelo estado caótico de podridão em que se encontra o país.
Coronéis da ativa, de grande liderança, escrevem artigos e cartas ao alto comando pedindo que não haja punição para as “praças” e maior comunicação entre comando e tropas.
Tudo isto junto me parece muito sintomático.
Como em 1963, a soldadesca foi “infiltrada” por ideologias e reivindicações .
A insatisfação demonstrada por comentários e críticas abertas é evidente.
Uma demonstração de protesto durante os desfiles de 7 de setembro parece estar sendo sugerida por alguns militares.
Assim como aconteceu durante o ataque ao WTC em que a Internet ficou paralisada, poderá ocorrer aqui, alcançando também a telefonia celular e mídia, caso a situação se agrave ensejando uma intervenção.
As FA’s têm condições de “imobilizar” lideranças radicais em todo país, porém, desta vez as reações poderão ser bem violentas, desembocando talvez num quadro de guerra civil.
Tudo dependerá das atitudes de Lula.
Se insistir em buscar apoio apelando irresponsavelmente para a luta de classes, o caldo entornará !
Homero Moutinho Filho
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