domingo, dezembro 03, 2006

"Cães, Gatos e Sapatos"

Resolvi dar uma "paradinha" nos assuntos políticos para tentar compensar esta triste realidade com lembranças de bons momentos e sentimentos humanos.
Sinceramente, não sei como algumas pessoas colocam em seus perfís no Orkut; "bichos, só no zoológico".
Não sabem o quanto estão perdendo em experiências de vida e sabedoria que aprendemos com eles.
O meu cão "Booty" vocês já devem conhecer pelos textos anteriores, mas tive outros, muitos, eram 6 (uma morreu logo) ficaram 5 e cheguei a ter mais de 20 gatos, pois algumas pessoas, sabedoras que eu adoro animais, simplesmente os abandonavam na frente do meu portão ou nos arredores, para que eu os acolhesse.
Cheguei a superar a Sociedade Protetora de Animais daqui em termos de atendimento e acolhimento, quase indo à falência em despesas de veterinária.
A casa tem bastante espaço livre, eles foram se multiplicando, pois a maioria era de gatas e outros gatos (machos) também passaram a ser "agregados" , somando algo em torno de uns 30 , por aí.
Haja alimento, vacinas e cuidados.
Mas isto não foi o mais importante.
Depois que os ferozes cães do vizinho mais próximo exterminaram quase todos, agora sobraram quatro apenas mas duas deram cria e, de repente, as crias sumiram, não sei se morreram também, seguindo as mães em algum "passeio" pelos jardins dos vizinhos (tem outro próximo, cujo cão também detesta gatos).
Muitas lembranças emocionantes guardei em meu coração, como a da matriarca "Ratsa" , que não é esta que citei no texto "Ratazana", embora assim a chame porque acho que ela é uma reencarnação da antiga, idêntica em tudo, no físico, temperamento e por ter me reconhecido na rua , insistindo que eu a levasse quando era bem pequenina ainda.
A antiga "Ratsa", nome que dei por causa daquele clássico do cinema "Midnight Cowboy" com Dustin Hoffman, soberbo em seu personagem "Ratso", era uma "rainha", dominando a todos, serena, sábia e terna.
Observá-la era uma lição diária.
Lembro-me quando tinha suas crias e as amamentava aos meus pés, "massageando-os", para se livrar das dores de "mordidinhas" mais afoitas, enquanto elas mamavam e eu olhava o céu noturno no terraço.
Muitos outros bichos foram igualmente importantes e me ensinaram coisas que os livros não conseguiriam jamais.
Emoções nunca esquecemos.
Observar animais é compreender nosso âmago.
De todos, a mais importante foi a "Luna", uma cadelinha peluda e branquinha, que atraia paixões onde estivesse.
Foi minha companheira por 12 anos, desde que aqui cheguei, vindo do Rio.
Tinha uma irmãzinha gêmea chamada "Bianca" que faleceu ainda pequena.,
A "Luna" também quase se foi devido a uma "Parvovirose" que geralmente é fatal, mas nós conseguimos curá-la pelo amor e energias.
Nem o veterinário entendeu como isto foi possível.
Ela foi minha amiga inseparável, sempre ao meu lado.
Embora se mantivesse virgem e não permitisse que nenhum cão com ela cruzasse, adorava "adotar" filhotes de gatos.
Outras cadelas daqui também até amamentavam alguns.
Minha casa é um reduto de "milagres" inexplicáveis, pois todos os bichos convivem na maior sem conflitos de instintos.
Uma "fila brasileira"amamentou e criou três gatinhos abandonados.
Outra cadelinha (Niña), dois gatinhos também abandonados.
Uma cena marcante ficou em minha memória.
Foi quando elas ainda muito pequeninas, (Luna e Bianca), parecendo duas bolinhas de algodão em minhas mãos, saiam comigo, até em noites de chuva e eu brincava com elas saltitando pelas calçadas, cantando "Singing in the rain" , outro clássico do cinema.
Os vizinhos de onde eu a principio morava, devem ter comentado; "este carioca é doidão mesmo".
Quando, depois de muito sofrimento a Luna morreu, me recusei a constatar e aceitar sua morte pois ela não enrijecia e mantinha o calor corporal.
A veterinária jurava que ela havia falecido mas eu simplesmente esperava pelas provas normais que não apareciam.
Afinal, fui o melhor aluno de Medicina Legal e não seria uma "doutora" qualquer que me convenceria antes que eu verificasse.
Talvez eu tenha "passado" tanto energia para ela nas três noites que fiquei ao seu lado, dificultando tudo.
Ela morreu exatamente no dia do aniversário de meu enteado e do ex-sogro.
Minha "ex" me observava contrita , vendo-me ajoelhado ao lado da Luna chorando que nem um bebê.
Foi por mim mesmo incinerada e enterrada em meu jardim.
No mês seguinte eu recebia uma outra "bolinha peluda preta" que cabia também em minha mão.
Um cãozinho a quem dei o nome de "Booty", como o "chute" (boot) inicial, a arrancada de carregamento de um HD, pois aquela coisa pequenininha entrou de cabeça erguida passeando serelepe pela casa como se a conhecesse e fosse dono absoluto dela.
Ahhh que gênio...mais ranzinza e possessivo do que a Luna.
Um cão completamente "aloprado", sem ser petista, "pancada" mesmo.
Seu modo de externar afeto é como uma "convulsão epilética".
Um horror total.
Sobe em cima de mim parecendo estrebuchar, se esfregando, mordendo minha roupa e lambendo tudo.
Uma verdadeira "apoteose do caos", encarnada num bicho só.
Quando estou na frente do PC, uma tragédia capaz de interromper e travar tudo, apagar janelas , reiniciar, dando patadas no teclado como um jornalista tresloucado sem inspiração para "fechar" sua coluna diária.
Tempos depois meu vizinho encontrou uma "Poodle" branquinha, abandonada aqui em frente,num terreno baldio e, por causa do seu cão meio raivoso, perguntou à minha "ex" se não gostariamos de adotá-la.
Ela estava muito doente, mal podia andar.
Tinha mais ou menos a idade do "Booty".
Minha mulher chamava-a de "menininha", daí "Ninha" depois "Niña" (menina em Espanhol pois ela dá aulas de idiomas).
Pois bem.
Nos mudamos para a outra casa que temos , bem menor, para adiantarmos as obras da outra.
A "Niña" foi tratada de uma cistite crônica e teve também um enorme tumor no reto.
Conseguimos curá-la a custa de grandes despesas de tratamento veterinário .
O "Booty", embora ciumentíssimo, adorou ter uma fêmea disponível, mas, coitadinho, não conseguia acertar as coisas e posições necessárias para a cruza, "melando" a cachorrinha toda sem sucesso.
A "Niña" era simplesmente adorável e ultra afetiva.
Lindíssima!
Ninguém a resistia, principalmente crianças.
Um belo dia, os caras do combate a Dengue deixaram o portão entreaberto e ela escapou.
O "Booty" não, pois estava mais interessado e ocupado em morder os calcanhares deles e não costuma sair de perto de mim, nem quando tomo banho.
Por vezes rosnava para minha mulher se ela se aproximasse da porta do banheiro impedindo-a de prosseguir.
"Mala sem alça" mesmo!
Um terror de ciúmes!
Procurei-a pelas redondezas que nem um louco.
Mesmo anunciando na rádio, nunca mais a recuperamos.
A vida é assim, feita de grandes emoções, amores, perdas e lembranças.
Talvez tenha sido desinteressante ou cansativo, para aqueles que ainda tiveram a paciência de acompanhar este relato, que somente a mim deva importar de fato.
Entretanto, me fez um enorme bem, relembrar esta experiências,no sentido de recuperar minhas energias instintivas e esperanças, em meio a este cenário tão brutal, nojento e insuportável que temos neste nosso país, onde os "chacais" imperam e nos governam sem reações contrárias.
Prefiro rosnar e enfrentar um Rottweiler" ou um "Dobberman", uma vez fiz isto com dois deles "guardas" de um depósito de gás e eles voltaram para suas casinhas andando para trás, de costas, quando abri meus braços como um "urso" e rosnei bem alto, que até o "booty" ficou mudo me olhando abismado.
Havia tomado "algumas", confesso, ou teria sido diferente, mas que foi cômico vê-los andando para trás que nem "reward" de vídeo foi sim!
Nunca havia visto tal coisa acontecer antes.
Minha "interpretação deve ter sido bem "perssuasiva",rs.
Vivendo e aprendendo a lidar com o animal dentro de nós.
Não percam tempo gritando e chamando a atenção de seus bichos. Aprendam a rosnar, despertem a sua herança atávica animal, geneticamente herdada.
Quando em situação de ameaça, fiquem parados, imaginem fortemente que são feras e projetem esta imagem atemorizante, olhando fixamente nos olhos do bicho .
Animais percebem as imagens do astral e, se você reforçá-las com a expressão corporal, seus braços e unhas parecerão enormes patas e garras, seus dentes presas afiadas e seus olhos paralisarão seu oponente.
Não digo que não tema cães ferozes, pelo contrário, apenas já vi que determinadas reações funcionam.
Se não funcionarem procurem uma árvore ou poste mais próximos.
Que tal começarmos a "rosnar" para os abutres, hienas e chacais que nos governam?