sexta-feira, setembro 09, 2005

A "COR" DA MODA .

Venho insistindo desde junho, quando estourou a questão do “mensalão”, que ainda não havíamos atingindo a maior delas e que isto seria apenas o princípio do fim.
Disse que no final de julho, início de agosto, Lula deixaria de lado suas constantes idas ao exterior para se dedicar a uma intensa campanha em busca de apoio popular, fazendo violentos discursos como em seus velhos tempos de sindicalista.
Alertei para a possibilidade de uma crise institucional, com provável envolvimento das forças armadas, num determinado momento de impasse que poderá ocorrer em breve .
“Intuitivamente”, escolhi o final de setembro para começo do agravamento que se estenderia por, no mínimo, três meses.

Parece que as coisas estão se confirmando e caminhando neste sentido.

A “questão Severino” será o detonador de diversos embates e denúncias até agora evitados ou acobertados.
Jefferson ainda tem muita munição. Dirceu igualmente tem os deputados da base do governo nas mãos, presos pela chantagem da “agendinha do mensalão”. Se cassarem Jefferson, terão seus nomes revelados, se cassarem Dirceu, do mesmo modo sofrerão retaliações imediatas. Portanto nada esperem desta pífia lista de prováveis cassados, que eram 128, agora 18, logo nenhum será.
Isto acirrará os ânimos. A mídia e a opinião pública reagirão irritadas pelo “abafa” geral acintosamente articulado pelo óbvio envolvimento e instinto de sobrevivência dos políticos.
Severino não sairá sem espernear muito e também não creio que seja cassado pela maioria que o apóia, presa a compromissos escusos.
Dirceu está “soltando penas” para tudo quanto é lado, ameaçando apelar para o STF e até ao papa, se possível, para evitar o pijama listrado pelo forçado abandono da vida pública e risco de ser preso após perder suas imunidades parlamentares.
Delúbio, Genoíno e outros da quadrilha começarão a “abrir o bico”, quando se sentirem às portas da cadeia. Tentarão dividir com outros a “responsabilidade” .
A oposição não conseguirá eleger um novo presidente da Câmara, como deseja, para dar prosseguimento a suas investidas investigativas nas CPIs e possível pedido de “impedimento” de Lula. Provas há e muitas para isto. Mais do que necessárias, mas não tentaram sob diversas alegações, quando, na verdade, têm medo das prováveis repercussões, sabedores que Lula, acuado, desmoralizado, sem bons índices de popularidade, tentará de tudo para se segurar ao cargo, inclusive a confrontação popular através de seus contingentes de sindicalistas e milhões de pessoas em todos os estados, que dependem direta ou indiretamente dos empregos conseguidos na gestão petista.
Suas “tropas de choque”, a CUT, UNE, PC do B e muitos sindicatos, tentariam ameaçar pela presença física numerosa, qualquer movimento de protesto espontâneo que reivindique o impedimento do presidente “operário”.
Sabem que a classe média é desarticulada e teme confrontos diretos, por mais indignada que esteja.
Sabem também, que a elite não apóia a queda de quem a está beneficiando.
Alguns andaram tentando manifestações, mas todas ou quase todas contra a corrupção, sem foco, protestos dispersivos, abstratos, poupando, quase sempre, o principal responsável e beneficiário do “mensalão” e de todo o esquema sujo de enriquecimento partidário, além do “aparelhamento” do Estado. Isto porque, quem organiza tais protestos, são os pequenos partidos de esquerda e sindicatos, que pretendem herdar a militância e adesões petistas, fora as esdrúxulas participações de empresários e da OAB, que melhor fariam, usando o seu poder de fogo pelas vias judiciais e políticas requerendo o afastamento do presidente, fechamento do Congresso e Nova Constituinte sem a participação dos políticos.
Solidário com seu “guru”, José Dirceu, Rainha dividiu o MST, fazendo “gracinha” ao ameaçar aos quatro ventos, com um “setembro vermelho” de invasões.
Acabou vendo o “sol nascer quadrado” pela pronta reação da UDR na Justiça.
A chamada “esquerda radical”, irresponsavelmente sempre comete os mesmos erros, para depois se lamentar pelos cantos, quando os milicos acabam com a brincadeira das “crianças”. Não entenderam ainda que o mundo mudou, que estas táticas chegam a ser patéticas, ridículas e desastradas!
Não é assim que teremos mudanças. Pelo contrário, o risco de retrocesso é enorme!
Quaisquer tentativas de violência, conflitos ou manifestações mais agressivas, poderão deflagrar a reação imediata dos militares para defenderem a ordem interna ameaçada.
Eles estão muitíssimo atentos e acompanhando cada movimento.
Podem parecer estar desinteressados, desarticulados ou sem capacidade material, mas não estão. Metam isto nas cabecinhas.
A verdade nua e crua, é que a mídia e os intelectuais negam, omitem ou simplesmente evitam tocar neste assunto, porque entram em pânico com a menor hipótese de uma intervenção militar que possa ter boa receptividade popular, como sinalizam todas as pesquisas.
A isto chamo também de “intelectualidade cristalizada”, ideologicamente comprometida, que prefere omitir, abafar, do que comentar e alertar.
Os parlamentares, em sua maioria, pouco se lixam com a opinião pública . Importam-se com seus “currais eleitorais” e cargos. Só se sentirão ameaçados se a grande mídia começar a divulgar seus rostos e nomes sem trégua. Aí sim, poderão temer a perda de mandatos.
Temos um quadro de futuro impasse e crise total. A maioria dos políticos da base governista, envolvidos SIM, com o “mensalão”, tentando apagar o incêndio, a oposição sem armas eficazes senão as denúncias que esbarrarão na votação secreta, onde todos, ou quase todos serão salvos da cassação, a opinião pública dividida por causa dos milhares ou milhões de interesses e empregos em jogo, a esquerda fragmentada e radicalizada, a mídia e os intelectuais sem o que dizer para o povo, senão expressar impotente indignação, a elite preocupada em não perder seus lucros, tentará manter o governo e a Economia fora do tiro ao alvo .
É realmente complicada a situação.
Piorará muito mais ainda, em breve, pelo claro e indubitável envolvimento da Presidência da República em outros fatos a serem comprovados.


Será que o “verde-oliva” virará a “cor da moda” para este verão...???
Sei não...


Homero Moutinho Filho
hmf_sp@yahoo.com.br