Contradições "democráticas".
Sempre duvidei daqueles que não têm, ou nunca tiveram dúvidas. Afinal a dúvida é uma probabilidade de incerteza e a ela devamos submeter nossa verdade , sob pena de pecarmos em soberba .
Por mais que tenha em mim a convicção mais plena, que caminhamos para um momento de desintegração dos poderes governamentais no mundo, em direção a uma Democracia Direta ou, pelo menos maior participação popular, por uma série de sintomas e recursos hoje disponíveis, enquanto ainda acessíveis, possibilitando a livre expressão e a libertação da notícia padronizada da mídia oficial, ainda sinto a incomoda presença de uma sombra de dúvida que insiste em me alertar para um fator não considerado.
Há quem diga que o melhor regime é o Despotismo Esclarecido. Até concordaria, se tivesse certeza do tipo de désposta que teria acima dos meus direitos .mesmo assim sob protesto e engolindo seco, pensaria no bem comum . Se servir para todos , eu serei minoria de um ou poucos, portanto, vontade vencida.
Visualizamos poucas opções fora os sistemas já experimentados e fracassados muito ou parcialmente, porém fracassados, por não terem conseguido satisfazer aos anseios e esperanças de quem neles depositou sua fé de redenção e melhoria de vida . Um deles foi o comunismo de Estado outro, o capitalismo selvagem.
Se um objetivo foi atingido, maior conforto ou acesso a tecnologias , por outro lado a degradação psíquica é flagrante, principalmente nos assim denominados “países desenvolvidos”.
Considerando a teoria e experiências sobre os “Campos Mórficos”de Rupert Sheldrake
www.experiencefestival.com/a/Morphic_fields/id/10320
poderíamos traçar uma linha de conduta “animal”, agindo no “Inconsciente Coletivo” de Carl Jung em sincronia universal.
Esta “sincronia” estaria indicando um destino comum almejado por todos , por ações aparentemente desconexas ou esparsas, porém similares ou idênticas até, não importando a distância, costumes e barreiras lingüísticas.
Está acontecendo e é fato notório para quem acompanha os acontecimentos , principalmente as atividades na Internet, este fenômeno internacional.
Analisando o que tivemos de verdadeiro desenvolvimento e evolução, isto sob um prisma avaliador mais crítico e comparativo, poderíamos dizer que em termos tecnológicos e científicos,sim, caminhamos um bom caminho e alcançamos um estágio capaz de proporcionar boa satisfação de necessidades a quase um terço da população do mundo, não mais do que isto, no entanto.
Ocorre que “qualidade de vida” não se restringe ao aspecto material da mesma. Se assim fosse, os E.U.A seriam o país mais dotado de igualdade, bem estar social, cultura, segurança e satisfação das expectativas individuais.
O que vemos lá atualmente? Uma nova sociedade, mais dinâmica, fraterna, produtiva, igualitária? Não! Apenas degradação psíquica, moral e material! Talvez um esboço disto tivesse sido a década de 50, abortada por uma série de fatores internos de sabotagens intelectuais, que minaram o desenvolvimento de uma “mentalidade norte-americana”, que florescia promissora, embora sob a égide protestante não afeita a um capitalismo selvagem como até então fora a tendência evolutiva de nossa civilização judaico-cristã.
Qual a diferença daqueles E.U.A da década de 50 dos de hoje?
Bem...o processo se iniciou muito antes por uma série de atitudes de empreendedores e líderes de opinião. Havia um consenso geral de que o capitalismo não era maléfico, se voltado à produtividade com qualidade e sem ganância, enaltecendo aqueles dotados de iniciativa e inventividade, premiando a criatividade e a perseverança, sobretudo a produção voltada à satisfação de necessidades básicas. Até então, inexistia um mercado financeiro agiota, monopolizador das atividades econômicas em detrimento do setor produtivo.
Depois da crise de 29, os ímpetos especulativos da população estavam amortecidos e adormecidos pelo choque traumático que aquele período causou a todos.
O “Macarthismo” havia marcado profundamente a mentalidade norte-americana, porém, seus adversários políticos também vieram vitoriosos da Segunda Grande Guerra, ocupar seus lugares-chave na economia daquela nação, como imigrantes abastados e muito unidos em propósitos de não deixarem que uma “alma yankee” se desenvolvesse contra seus interesses.
Desde a virada dos anos 30 para a década de 40 , percebia-se pelas produções cinematográficas a “construção” de um “modelo americano” de conduta. Esta indústria ainda tinha forte predominância de alguns empresários de origem protestante ou cristã de várias vertentes européias, como os irlandeses (Walt Disney), por exemplo. Isto era notório pelos personagens sempre íntegros, honestos, geralmente de origem humilde, repentinamente elevados ao ápice da fama , embora sujeitos aos assédios e propostas de elementos (geralmente políticos e financistas) inescrupulosos que, uma vez rejeitados, se voltavam violentamente contra o “herói nacional” para desmoralizarem-no perante a opinião pública, através da imprensa escrita, que, até então, era o veículo de comunicação predominante, fora a “catarse” coletiva provocada habitualmente pela radiofonia, embora a classe média fosse o maior peso em termos de definição eleitoral, não o estrato mais pobre ruralista, falido e hipotecado até as vísceras ante os banqueiros agiotas, ou os guetos urbanos de novos imigrantes e negros.
Resumindo, havia uma “atmosfera puritana” que desagradava a certos segmentos considerados mais “intelectualizados” da esquerda, muito atuantes na mídia , antes castrados e afastados do meio artístico e imprensa, pelo “Macarthismo” e nacionalismo “yankee”.
Qual a razão desta perseguição por mais de uma década? Por que uma sociedade se deixaria levar por uma propaganda contra determinados focos de ativismo intelectual, contrários aos princípios tão zelosamente preservados pela maioria silenciosa norte-americana?
Muito simples. Se observarmos a qualidade das produções antes da crise de 29 desde os primórdios do cinema, veremos que este serviu estrategicamente a uma ideologia, que, na verdade, acobertava outros interesses de ordem religiosa, política e econômica, visando a conquista e domínio daquele país .Quando as comuns orgias faraônicas e cenas de quase nudismo oriental coletivo começaram a aparecer , a reação da sociedade exigiu que seus governantes colocassem um fim àquele descalabro que afrontava os valores da mesma. Não vou discordar quanto a baixa qualidade artística daquelas produções que unicamente visavam o lucro . Até que tiveram alguma razão ou toda em protestarem . Qualquer cinéfilo poderá atestar esta fase esdrúxula do cinema. Porém, isto tinha um alvo específico. Afrouxar os costumes , assim como as melindrosas e o jazz , o “dixieland e o incentivo à música negra, naquelas duas décadas de 20 e 30. Mas por que? Qual o intuito e como um país democrático se viu às voltas com este problema “intestino”, de choques entre uma maioria silenciosa “rotulada” como retrógrada, moralista e uma minoria ativista “liberal”, poderosa intelectual e financeiramente, que mobilizou vários segmentos sociais, despertando-os para uma luta que talvez nunca tivessem querido assumir , mas se viram envolvidos sem volta?
Esta é uma das dúvidas sobre a eficácia de um regime democrático, onde, nem sempre a vontade da maioria prevalece e a “ditadura da minoria” exerce de fato o poder contrariamente ao bem estar pretendido pelo consenso coletivo.
Vejam que, quem domina a grande mídia, exerce atualmente o “primeiro poder” não o “quarto” como antes. Todos se curvam, políticos principalmente, temerosos de qualquer retaliação mesmo que velada.
A mídia “faz as cabeças” cria e muda os costumes , contra qualquer vontade da maioria sem questioná-la ou consultá-la, como se nada mais fosse superior a ela senão seus próprios desígnios e condutas, ditadas por uma minoria ativista, que a domina internamente, mesmo que a serviço de grandes capitalistas.
Existirá uma verdadeira democracia num esquema destes?
Penso que não exista, em absoluto, qualquer tipo de democracia neste “status quo” atual. Somente a falsa.
Qual a “menor minoria”, senão a individual , unitária, do voto único e solitário?
Qualquer outra é um ato de interesse grupal, não condizente com o coletivo majoritário!
Não podemos admitir que poucos determinem os rumos de muitos por fatores outros que não o bem estar comum. Ninguém tem o direito de enfiar goela abaixo da maioria o que acredita ser certo apenas para se sentir menos culpado por estar talvez errado!
Se eu aprecio a zoofilia, me juntarei a mais alguns amigos influentes de meu meio, principalmente se trabalhar na mídia e tentarei de todas as maneiras apresentar esta “tara” como “preferência sexual”, normal, desmistificando-a, a pretexto de me sentir mais aceito pela sociedade, que natural e humanamente rejeita este tipo de prática sexual.Se possível escreverei uma novela onde o animal será uma inofensiva e meiga ovelha e o personagem principal um belo jovem inocente .Ao final dos capítulos, os “pais da ovelha estuprada” comparecerão ao casamento dos dois com aquele “ar de politicamente corretos” .
Em breve, a já existente e assustadoramente crescente pedofilia, atingirá, não só as crianças carentes e sem amparo, pois já alcançou a mais alta classe social , se é que já não atingiu os seus lares e filhos na sua ausência de vida estressante e muito ocupada de cidadãos urbanos, enquanto a sua empregada doméstica, , uma estranha no seu ninho, seu porteiro, seu segurança, o operário, têm total controle e domínio sobre suas “esmeradas e intocadas” crias .
Portanto, há que se delimitar e restringir algumas posições e “avanços” ante este estado calamitoso de insegurança familiar a que estamos expostos no cotidiano.
Alguns pensarão, “mas o que tem isto com uma democracia?”
Tem sim... e muito! Pois é o “espírito democrático” que possibilita todas estas infrações ao senso comum e oficializa costumes pelo consentimento eventual, nem tácito ou explícito, pois, sequer pescruta a vontade popular.
Logo, a democracia vista sob todos estes pontos de vista e prismas de filtragem, não favorece muito aos mais lúcidos e íntegros pelo visto. O oposto seria a opção lógica e racional desejada por estes, embora não seja e aí está o círculo vicioso e contraditório da eterna dúvida do cidadão que se julga um liberal esclarecido.
Ele anseia por um milagre! A iluminação da maioria e o bom senso das minorias ! Nem Moisés, Salomão ou Hamurabi, saberiam resolver este impasse moral. .
Enquanto isto, tudo bem , aceitamos tudo e a todos, e tudo está ótimo pois, se dissermos que não, torcerão os narizes e seremos rotulados de retrógrados , reacionários ou coisa bem pior, pela “patrulha ideológica", sempre presente e atuante em todos os meios e recintos até nos mictórios mais públicos, subindo nas paredes para nos observar melhor na satisfação de nossas “necessidades básicas”!
“Habemus” democracia !
Homero Moutinho filho
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