31 de março de 1964 .
Lembro-me bem daquilo tudo como se fosse hoje. Das badernas, falta de gêneros alimentícios, cortes de fornecimento de água, energia elétrica, confusão geral, motins e comícios incendiários, revolta de sargentos e fuzileiros, os “pelegos” de Jõao Goulart , Brizola, estimulando e promovendo a quebra de hierarquia e disciplina nas Forças Armadas, a tentativa de implantarem uma ditadura comunista aos moldes da recém deflagrada revolução cubana de Fidel Castro, muita desordem, agitação sindicalista e até violências gratuitas, depredações, etc, que simplesmente apavoraram a população não afeita a estes extremismos ideológicos.
Houve sim conspiração e trama muito bem arquitetada pelos Serviços de Inteligência, preparando, principalmente a classe média , que então era quem definia o panorama político e não as massas como hoje , em virtude dos meios de comunicação. A Igreja Católica apoiou sim, ao extremo esta reação popular.
Eram reuniões casa-à-casa, com palestras de oficiais militares , mostrando detalhadamente o que pretendiam as forças que orquestravam uma tomada de poder dentro do modelo marxista.
Eu era uma criança ainda, entrando na adolescência, porém, com uma família intelectualmente bem enfronhada e participante nos assuntos da nação, até por uma questão de tradição histórica.
Alguns parentes militares de altíssima importância neste planejamento também, mas, para mim era uma espécie de drama , uma coisa tensa, jamais experimentada antes em minha vida .
Quando o contra-golpe foi deflagrado, a emoção e até um certo terror emocional se instalou em mim, ao acompanhar com meu pai pelo rádio, os acontecimentos, o cerco do palácio na Guanabara, a reação de resistência do governador Carlos Lacerda ante a audácia do almirante Aragão e seus fuzileiros navais, as ameaças, os tanques, os discursos, tudo era estranho e mexia com minhas emoções de garoto ainda, que não entendia o que estava se passando .
Dificilmente poderia descrever minhas emoções naquele instante.
Era como se o mundo estivesse acabando e eu estava ali, no meio de tudo, impotente, dependendo da interpretação que meu pai fazia daquela situação esdrúxula de crise nacional.
Quem venceria?
O que estava acontecendo afinal ?
Anos mais tarde depois do fato consumado , entrei para a universidade , a PUC do Rio de Janeiro, onde mudei bastante meu modo de pensar , porém conservando minhas raízes e bases de conhecimento herdadas .
Procurei me manter imparcial e democrático, sem me comprometer com ideologias radicais que eram comuns em nosso meio estudantil, tentando também alertar aos incautos para que não se deixassem levar por estes extremismos e violência gratuita que a nada levariam senão ao fracasso e muitas vítimas inocentes.
Como presidente de diretório estudantil, participei de passeatas , como co-organizador e líder, embora não sujeito aos movimentos ideológicos que as deflagraram, por outros motivos, que apenas usavam ocorrências fortuitas para “fabricarem” mártires como o estudante Edson Luís.
Levei porrada, combati a cavalaria e PE, fui agredido, arrisquei minha vida , mas, quando vi o teor do discurso demagógico na Candelária , Rio de Janeiro, do então líder Vladimir Palmeira e alguns outros como uma mulher que batia numa panela pedindo feijão, pensei comigo mesmo; “que diacho é isto?
Que baixo nível de reivindicações!
Era um universitário, esperava um discurso mais sério de alto nível, não aquela mixórdia besta populista!”
Aí vieram os policiais , mas antes, avisado, o Vladimir escapou de fininho com seus “seguranças” num fusca , mas nós ficamos ali, para apanhar.
Grandes e “corajosos líderes” tivemos...
Fiquei preso no banheiro do prédio do Jóquey Club, no centro, com um cara infartado caído estrebuchando, que impedia que abríssemos a porta e quase nos asfixiamos pelas bombas de gás lacrimogênio.
Corria muito e fui parar na rua do DOPS onde levei umas porradas de “pingo d’água (aquele cassetete pequeno de aço e borracha), num verdadeiro “corredor polonês," passando por todos os agentes .
Mas não me prenderam.
Aliás, nem haveria sentido, pois eu não era comunista, apesar de líder estudantil, já tinham minha ficha completa e filmagens sobre minha atuação nas passeatas e até na mídia depois, em virtude dos festivais de música dos quais participei .
Eles sabiam direitinho a quem prender e obter informações , não se iludam pensando que cometeram erros , pois estes foram poucos comparados com o que acertaram .
Muitos entraram de "inocentes úteis", usados e manipulados pelos que realmente eram guerrilheiros ou ativistas urbanos , que promoviam assaltos e atentados.
Quantos conheci, inocentes , mas que freqüentavam “aparelhos” por amizade e foram detidos junto com os demais...
Procurei esclarecer e questionar certas provocações e denúncias absolutamente infundadas de agentes de comandos da esquerda, que se infiltraram na universidade para tentarem manter a agitação estudantil a todo custo , mesmo que, pela mentira ou fraude.
Alguns deles eram amigos nossos e freqüentavam meu diretório.
Desmascarei alguns e preservei a segurança de muitos estudantes, que não estavam interessados nestas lutas ideológicas, mas sim, em completar seus cursos, sem maiores turbulências, inseguranças físicas ou comprometimentos como ativistas por uma causa que nem sabiam qual seria .
Aquela histórica reunião em Ibiúna eu quase estive lá, pois fui convidado como presidente de diretório estudantil, mas na última hora não pude comparecer e enviei um representante, junto com outra amiga nossa do diretório de Filosofia .
Ambos escaparam de serem presos juntos com José Dirceu e outros, por obra do destino, porque se atrasaram num motel.
Foram salvos pelo amor.
Depois disso, fui convidado para a guerrilha por uma pessoa muitíssimo abastada , cujo escritório de advocacia familiar era dos mais importantes do país , que hoje é Procurador da República.
Tive de rir e gentilmente abrir mão deste “convite”, pois minha inteligência não é tão baixa assim, a ponto de imaginar que tal aventura descabida acabaria bem.
Procurava entender o que acontecia comparando minhas experiências e observações sobre a conduta dos dois lados.
Na família era fácil, pois a integridade e honestidade de meus parentes militares , não me permitiam ir além e os acusar de nada, senão por não permitirem as eleições diretas para a presidência , uma vez que todas as outras já tínhamos e sobre torturas ou repressão eles próprios condenavam e atribuiam estes excessos aos policiais civis ou militares de menor patente que se excederam.
Mas uma coisa eu via de perto.
Nem a mim ofereceram cargos ou empregos e quando me formei nenhum quis me "apadrinhar".
Tive de fazer concursos como todos os demais.
Pedir uma "ajudinha" a eles, nem pensar!
Eram absolutamente "Caxias" e rígidos nestas coisas.
Não admitiam nepotismo.
Aliás nem eu pediria.
Questão de integridade herdada.
Isto me deixou entre a cruz e a espada, tentando avaliar o que era o que e quem tinha razão ?
Hoje sabemos, pelas confissões de alguns “arrependidos”, como Fernando Gabeira , que afirmou em livro, “terem lutado pela instauração de uma ditadura comunista e não pela democracia” , provando que toda esta propaganda sórdida contra as Forças Armadas, mantida por décadas, estigmatizando gerações de militares que nada tiveram com isto, alimentando a ilusão de que, aqueles que foram presos e torturados eram “heróis da resistência” foi uma farsa programada e repetida à exaustão dentro da máxima fascista e comunista de transformar uma mentira em verdade pela intensa repetição.,
Como sustentar esta mentira depois de tantas confissões e fatos comprovados?
Só mesmo a mídia comprometida dominada por editores e jornalistas, que fizeram seus “cursinhos ideológicos”, quando mais jovens e membros de carteirinha do Partido Comunista, em Cuba e na Rússia , podem insistir nestas falsas premissas e verdades inconsistentes perante as provas reconhecidas até por ex-militantes da guerrilha comunista que tentou a revolução neste país.
Mas eles estão vivos e ainda detêm o poder da comunicação.
Controlam tudo, só empregam quem tenha a mesma tendência ideológica, deixando muitos recém-formados aspirantes ao jornalismo desempregados, por não estarem dentro do seu “modelito” preferencial.
Entendem como tudo funciona e como “aparelharam” o Estado, aqui e ali, em sindicatos, estatais, universidades e o que mais?
O que temos hoje?
Uma espécie de “unanimidade” na mídia!
Todos pensam e agem igual!
Isto faz parte de um plano ditado por Gramsci, qual seja, de dar esta “impressão” de “unanimidade”, ou seja, de “VERDADE” inquestionável , em que poucos “intelectualóides” , parecendo muitos, condicionam a totalidade do povo, pelos veículos de comunicação!
A verdade pode tardar, mas sempre aparece !
Hoje vemos estupefatos o que são na verdade nossos “heróis da resistência” que a tantos assassinaram, roubaram, seqüestraram, cometeram atentados como os atuais contra o nosso patrimônio e erário!
Canalhas vis!
Escória materialista sem escrúpulos e traidores da pátria!
Meliantes alçados ao poder pela anuência de nossa classe média intelectual irremediavelmente perdida em seus mirabolantes sonhos delirantes do “politicamente correto”.
Crápulas governistas, apoiados pelo grande capital, que os mantêm sob rédeas curtas e usufruem dos lucros obtidos em detrimento de nossa soberania e bem estar social, condenando nossas Forças Armadas ao sucateamento ante tantas ameaças contra nossa integridade territorial!
Apátridas criminosos !
Terão o seu fim próximo pelas mãos da população civil aliada aos militares, que promoverão uma faxina geral , acabando com esta impunidade espúria cujo conivente e mancomunado máximo é o nosso Poder Judiciário, já tornado piada pelos escândalos e absurdos cometidos recentemente !
Brasil acima de tudo !
Vamos à luta!