quinta-feira, janeiro 12, 2006

Os índios e as armas

De Mauro Santayama, ainda sobre o debate abaixo e pertinente ao episódio da invasão da FUNASA, de onde nosso representante em E.S. Ítalo Leonardo enviou a notícia enquanto refém, enviado por nosso amigo e membro do MBNE, Cel. Saint-Clair Paes Leme do R.J. que já conhecem bem,pela referência especial que fizemos em texto anterior.

Os índios e as armas
Mauro Santayana (08Jan06)


Duas notícias ocuparam os jornais de domingo: a morte, ainda misteriosa, do general Bacellar, em Porto Príncipe, e o treinamento militar de índios da Amazônia. O fim do general, qualquer que tenha sido a causa, mostra os riscos que correm os soldados, em todos os momentos. Se o oficial estava de tal forma tenso, diante de sua responsabilidade e dos problemas que enfrentava no comando da força de paz, ou em sua vida pessoal, e tenha sucumbido à tentação do suicídio, ele não terá sido o primeiro. A farda não blinda a alma, nem a formação militar retira do homem a essencial fragilidade. Como morreu em missão, o general merece todo o respeito de seus companheiros e da nação. Se o Brasil errou ao enviar o contingente a Porto Príncipe, é outro problema, que não cabe discutir agora.
O que nos parece incorreto é criticar as Forças Armadas por treinar os índios amazônicos para a defesa de nosso território. Da forma em que as coisas se encontram no mundo, esse adestramento teria que ser universalizado no Brasil. Todos os cidadãos válidos deveriam conhecer o manejo das armas e as táticas da guerra de resistência.
As boas almas defendem a preservação dos índios em seu meio como defendem os animais da selva em seu ecossistema. Mas os indígenas, ao contrário do que pregavam alguns teólogos do século 16, pertencem à espécie humana; não são bichos de estimação. Alega-se que é necessário preservar-lhes a cultura, mas essa preservação depende da vontade que eles tenham de conservá-la, e não da nossa conveniência estética ou de remorso histórico. E louve-se a forma com que as Forças Armadas republicanas se relacionam com os nossos autóctones. Desde a frase histórica de Rondon - morrer, se preciso for, matar nunca - ninguém tem cuidado melhor dos índios do que os soldados. São eles os que os assistem, nos casos de enfermidade e de perigo. As lanchas militares que percorrem os rios e os igarapés, e os aviões da FAB que cortam os céus turbulentos, os recolhem e os conduzem aos hospitais. Não há casos de seqüestro de militares por índios armados, o que é freqüente no caso de funcionários da Funai. Se as Forças Armadas não se encontrassem tão desprovidas de recursos, seria o caso de encarregá-las da proteção oficial aos brasileiros das selvas. Da proteção oficial, porque da proteção efetiva pelas três armas eles podem contar.
O que não se pode aceitar é a rápida inclusão dos índios na vida moderna, sem preparação cuidadosa. A sua civilização pode ser superior, no que se refere às relações internas das comunidades tribais, mas é impossível mantê-los isolados, com a desculpa de que é preciso conservar sua cultura. Eles a preservarão se quiserem preservá-la. Podemos dar-lhes os instrumentos para isso, e o primeiro deles é a educação. Mas não os podemos condenar a viver à margem do mundo. Prepará-los para a defesa do território não é perturbar-lhes a vida, nem instigá-los à agressividade. Eles conhecem imemorialmente as armas, como o arco e a flecha, os dardos venenosos, a borduna e as plantas que paralisam e matam, e sempre foram inclementes nas guerras. Trata-se de apenas dotá-los de armas mais práticas, para a defesa do solo pátrio - eventualidade que, a cada dia, se torna mais provável. Temos que contar com a sua ajuda, como senhores da selva, para resistir a quem se sinta estimulado a tomá-la pela força das armas. Já estamos sendo saqueados pelos que a invadem com a Bíblia e a moto-serra, que despem as matas, e roubam exemplares animais e vegetais de nossa fascinante biodiversidade.
Respeitar o índio não é mantê-lo, para o prazer científico dos antropólogos, na idade da pedra, nem contaminar a sua cultura, ocupando-lhes as terras e levando-lhes o álcool e a fome, como ocorreu sempre, e ocorre hoje aos caiovás do Mato Grosso.
Fariam melhor as piedosas almas, que protestam contra seu adestramento militar, se procurassem reintegrar à sociedade as novas tribos dos excluídos, que se refugiam e se armam com bazucas e mísseis, na periferia selvagem das grandes metrópoles.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Olá Homero... neste final de semana eu vou prepara um texto sobre o assunto, sobre o meu ponto de vista sobre a soberania nacional, sobre a forma como devemos defende-lá, e como vejo as forças armadas e o seu papel junto as fronteiras e como a população brasileira pudesse contribuir!!!
Sugiro que pessa isso aos outros membros do MBNE.
Abração

id

sexta-feira, janeiro 13, 2006 7:48:00 PM  
Blogger Homero Moutinho Filho said...

Certo ID.
Uma delas é o nosso próprio projeto Geosfera,de alta tecnologia alternativa, que se adapta ambientalmente, a arquitetura tem a forma de "ocas" e "Tabas" e permite formar um cinturão de defesa das fronteira.
Abração
Homero

sexta-feira, janeiro 13, 2006 11:26:00 PM  

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