terça-feira, janeiro 31, 2006

Ideologias

Costumamos pensar que a sociedade se componha de pessoas dos mais diversos interesses e tendências ideológicas, mas que haja um senso comum onde todos possam chegar a um acordo quanto aos principais objetivos capazes de promover favoráveis mudanças em nossas vidas.
Não é bem assim que tudo acontece.
Esquecemos dados muito importantes provenientes de instintos básicos e desigualdades na evolução individual.
Somos, ou pelo menos deveríamos ser iguais perante a Lei , mas as diferenças de níveis mentais e culturais são flagrantes.
Cada um tem o seu mérito pessoal, temperamento e caráter.
Somente em algumas situações reagimos de modo semelhante.
É lógico que o meio social imprime um tipo de comportamento e preferências nos que dele participam.
Para tanto, temos os hábitos peculiares, característicos à cada classe ou segmento social , conforme o comportamento das mesmas.
Os institutos de pesquisas usam este método para as avaliações .
Esta é a razão de falharem todas as ideologias que tentem impingir um modelo fixo de valores .


O elemento humano é bastante diversificado. Não pode ser compactado num pacote de medidas transformadoras contra sua natureza e nível de compreensão.
Qualquer tentativa neste sentido é uma violência arbitrária que poderá resultar em alguns sucessos, mas nunca em termos definitivos a longo prazo.
O que vimos depois da queda do “Muro de Berlim”, levando consigo as esperanças dos marxistas?

Alemães orientais correndo como loucos aos supermercados e grandes lojas para comprar eletrodomésticos, roupas e toda espécie de supérfluos, como se tivessem passado por um longo período de escassez e necessidades.
Os defensores do Capitalismo, celebraram esfuziantes estas imagens mostradas ao mundo, que comprovavam a falência do comunismo como regime capaz de levar um povo à solução das desigualdades.


Sem mais o que contestarem, voltaram-se comunistas ou “socialistas” como preferem se apresentar, a intermináveis confabulações, para encontrarem uma fórmula de reação contra esta esmagadora vitória do Capitalismo globalizado.


Vimos a ressurreição de mitos como Fidel e sua Cuba divinizada, além de outros seguidores da mesma linha (Chavez) ideológica contraditória que prega a igualdade e “democracia” mas adota ditadores populistas .
Não conheço um partido ou político de esquerda que não se defina como “democrata”, ou apenas “socialista”, nunca um “autoritário”, “centralizador” ou “ditatorial”.

No entanto não existe marxismo sem isto.
O verdadeiro comunismo primitivo, está mais próximo do Anarquismo ou das comunidades teocráticas como as dos judeus essênios de onde se originou Cristo, nada tem de semelhança ao resultante da evolução do pensamento pragmático materialista ao longo da História.
O marxismo é o maior adversário do verdadeiro Comunismo!
Por outro lado, o Capitalismo selvagem é a exacerbação do Liberalismo original.
O que temos na realidade é o Capitalismo de Estado, seja ele de qual bandeira ou cor, mas sempre dependente e sujeito a ações e iniciativas do Estado.
Fora isto nada existe sem esta atuação .


Cuba, China e Corea do Norte praticam um “Capitalismo de Estado”.
Igualmente nos E.U.A e Europa o poder das Corporações manipula e dita as políticas do Governo.
Como disse uma vez um amigo nosso norte-americano, é a “Corporocracy” (Corporocracia) que governa os E.U.A.
Portanto, qualquer estimativa fora desta “realidade” sem maquiagem ideológica, estará “deslocada” da verdade.


O que impede a viabilidade dos ideais é o modelo econômico de subsistência , baseado em extração, produção e consumo.
Em qualquer sistema sempre haverá a necessidade do “trabalho escravo” de extração e produção.
Não adianta querermos “dourar a pílula” pois é isto que ocorre em todos os países.
Quem extrai minério nos E.U.A. e Rússia? Quem em Cuba corta cana?
Não serão os mesmos “escravos” que um dia os pais e avós, acreditaram em “Igualdade Social”?


Somente uma drástica transformação no cenário mundial, a começar de algumas nações, através da implementação de políticas inovadoras, como a do incremento da Economia Solidária, Cooperativismo, inexistência de grandes grupos concentradores de capital e retorno a valores humanos soterrados pela ganância e ambição desmedidas, poderemos alcançar um modelo onde as desigualdades sejam bastante reduzidas.


Isto implicaria no abandono das tradicionais formas de indústrias, total reforma de estruturas administrativas, desenvolvimento de avançadas tecnologias alternativas e muita resistência (mesmo que bélica), contra as esperadas retaliações dos poderosos “Senhores Donos do Mundo”, para os quais apenas o lucro e o mercado importam.


Pensem e reflitam muito sobre isto, antes de saírem por daí repetindo frases feitas e clichês ideológicos de doutrinamento, não importa de qual ideologia. Pois estas só servem para dividir e antagonizar seres humanos.
Assim como nós, nenhuma ideologia é perfeita.


Desejamos o novo, nunca antes tentado, não o separatismo e conflitos de interesses, impossíveis de coexistirem com uma Nova Era mais fraterna, que sintetize da melhor forma todas as aspirações humanas.