terça-feira, agosto 22, 2006

Quem decide ?

Transcrito em parte, de um comentário meu postado em nossa comunidade do MBNE no Orkut (link no índice).

Observem que HH não conquistou os votos dos que conscientemente optaram por anular seu voto por protesto.

Ela roubou votos dos eleitores de Alckmin.
O número de Nulos, brancos e indecisos (as pesquisas misturam tudo propositalmente) continua no mesmo patamar.
A nível nacional entre 17 e 18% , em estados como o Rio de Janeiro e São Paulo supera 31% !
Quando entrevistam alguém, já vi muitas vezes, em emissoras (claro que não na Globo) as pessoas responderem; “não sei ainda, estou pensando em anular meu voto”.
O entrevistador marca como “indeciso” ao invés de “nulo”.
Estão manipulando os resultados mas levarão um enorme susto , igualzinho ao que ocorreu no referendo sobre o Desarmamento.
Não se preocupem.
Lula não se reelegerá no primeiro turno.
É praticamente impossível pelos índices de abstenção (entre 15 e 21%) das últimas eleições e Referendo Popular.
Lula tem mais de 35% de rejeição declarada.
Somados aos Nulos e Brancos, tudo vale para demonstrarmos nossa indignação e protesto. Tanto faz se Alckmin ou Heloisa Helena passarem para o segundo turno.
Seus eleitores, em maioria, tenderão a anular o voto por falta de opção.
Nossa meta é provocarmos uma crise institucional por ilegitimidade de quem seja eleito.
O que faremos depois já está definido, mas aqui não é o melhor lugar para entregarmos o ouro aos “olheiros” dos políticos.
Vamos nos ater ao exame sobre qual o “público-alvo” a ser conquistado ?
Até aqui não houve mudança significativa no panorama geral, exceto pelo crescimento de Heloisa Helena, embora na última semana tenha estacionado no patamar de 12 %.
As próximas pesquisas deverão trazer novidades, em virtude do crescimento de Alckmin e Heloisa no sudeste e sul, minando aos poucos, redutos eleitorais de Lula.

Alckmin já ultrapassou Lula e Heloisa dobrou .
Somente o nordeste não define uma eleição no Brasil.
Apesar de ampla exposição na grande mídia desde a dissidência e expulsão do PT, HH mantinha baixíssimos índices de popularidade até o início da campanha na TV.
A “estagnação” de Alckmin, traído por seus pares “tucanos”, como sempre vaidosos e emplumados, pensando em 2010, combinada com uma militância na mídia, de intelectuais e jornalistas “formadores de opinião” de tendência mais à esquerda em favor de HH, enaltecendo-a como uma “terceira via” mais “autêntica”, influiu sobre os que ainda não tinham consolidado sua opção de voto.

Entretanto, esta parcela de eleitores da classe média, que se pautam e orientam por opiniões da imprensa, pouco importa diante de uma imensa massa completamente alheia a estes veículos de comunicação de pouquíssimo alcance (jornais e revistas), se comparados com a grande mídia televisiva.
HH segue os passos de Lula e do PT quando necessitaram penetrar em segmentos de “centro-esquerda” e “centro-direita”.
Começou pela “ideologização” da campanha , visando conquistar os petistas decepcionados, dos meios intelectuais e artísticos.

Atingido este objetivo ao chegar em 4% das intenções e por aí ficar, partiu para uma mudança gradual de discurso e total “descolamento” dos setores mais radicais de aliados e militantes do PSOL, como o MLST e MST, do mesmo modo que Lula fez em relação aos diversos grupos mais radicais do PT durante as eleições de 2002.
Aceitou HH os conselhos de César Maia e o apoio de Garotinho sem desconsiderá-los.
Para o espanto de muitos, disse no Jornal Nacional que; “programa de partido é uma coisa , de governo, outra”.

Como se não bastasse o discurso de “mãe pobrezinha” adotado recentemente, desfechou hoje em comício a “pérola definitiva”, enterrando seu projeto ideológico de partido ; "A senadora disse não ser "doida" para querer implantar o socialismo no país. A história da esquerda no Brasil não começou com o PT e nem vai acabar com o PSOL. Precisamos antes consolidar a democracia no país", afirmou.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u81671.shtml
Estes infelizes deslizes de HH, na ânsia de tranqüilizar os mais conservadores poderão lhe custar apoios e votos de uma pequena porém ativa parcela de seu eleitorado mais esclarecido, pois temos ouvido comentários bastante críticos a respeito desta “transformação oportunista” de evidente preocupação “ilusionista” motivada por puro “marketing” político.
Em textos mais antigos, criticamos neste blog o tom “evangélico-marxista” de seu discurso quando do lançamento de sua candidatura.
Eventuais “decepcionados” por terem percebido a tempo estas incoerências ideológicas de HH , poderão optar pelo voto nulo.Já basta a decepção do PT para estes eleitores mais exigentes .
Por outro lado, Alckmin não “bate” por medo de também levar pedrada no seu telhado de vidro e do PSDB.

Falta-lhe mais “testosterona” .
HH é fácil de ser “desconstruída” num simples debate.

Não me cabe apontar os pontos fracos ou de que maneira colocá-la contra a parede numa “sinuca de bico”.
Isto é tarefa para os candidatos.
Que se virem e provem competência.
Com o “molusco” é diferente.

Terão de primeiro desestabilizá-lo emocionalmente com um golpe no estômago (estranhos negócios de seus familiares) para fazê-lo perder o controle e começar a vociferar.
Depois reavivar em tom de “reportagem policial” os escândalos de seus “companheiros” e sua “ausência autista”, de quem nada sabia ou viu.
O PFL fez isto nos programas antes do início da propaganda eleitoral e deu certo.
Alckmin cresceu nas pesquisas uma semana depois .
Por que pararam?
Os “sanguessugas” !

Envolveu a todos e deu munição ao PT.
Faltam moral, integridade e ética.
O que definirá o resultado ?

O mesmo “público-alvo” de sempre , apenas bem maior agora.
Os eternos “eleitores voláteis”.

Os sem qualquer ideologia ou cultura.
A maioria do povo.
Enganam-se os que pensam haver “votos consolidados” imutáveis.
A grande massa age e decide por impulso emocional, não por raciocínio crítico.
Predominam as seguintes características.
1-Horizontes estreitos
A preocupação é com seu círculo social mais próximo, sobrevivência e satisfação de prazeres sensoriais. Nada de desprendimento em favor do coletivo, a não ser em casos especiais de ajuda mútua por interesses comuns.
2-Impacto da imagem
Julgamento pela aparência, por símbolos inconscientes e empatia, não por argumentos puramente lógicos.
3-Sentimentos reprimidos
Sensível a apelos emocionais como preconceitos, etc. (Foi explorado pelo PT no episódio José Serra e os “migrantes” de São Paulo)
4-Mimetismo
Tende a acompanhar a tendência de seus semelhantes e meio. (Esta é uma característica comum a todas as classes sociais.)
5-Flexibilidade decisória
Possibilidade de súbita mudança de avaliação devido a um fato momentâneo de impacto emocional ou novos atrativos.
(Um exemplo desta tendência é ensinado a gerentes de Marketing. Quanto mais elevada a classe social mais decidido um consumidor entra numa loja e não aceita maiores sugestões dos vendedores. Quantos menos , pode entrar procurando um fogão de 4 bocas vermelho e sair com um microondas branco, por influência do vendedor. Em geral é assim que acontece, claro, com as devidas exceções observadas em todos os estratos sociais.)
Tive diversas surpresas no cotidiano, ao perceber que, nem sempre estas avaliações estão corretas, pois convivo com muitas pessoas de nível cultural modesto, com grande percepção e conscientização política, até bem mais do que a classe média intelectual.
Não devemos prejulgar para não sermos surpreendidos.
De “intelectualismo inútil” já estamos saturados.
Precisamos falar sinceramente aos corações e mentes do povo.