sexta-feira, dezembro 22, 2006

O "Enigma"

Penso ter decifrado o enigma sobre onde caiu aquele raio.
Depois de uma vistoria geral, optei pela estrutura de aço da futura varanda que têm vigas com 20 cm de diâmetro, fortemente costuradas em solda , cada uma fincada em profundas sapatas de concreto especialmente "aterradas" em várias camadas e cercadas por piso de pedra bruta.
Tive este cuidado,com a estrutura da casa ,para que ela se tornasse um imenso pára-raios,ao invés de um risco permanente.
Foi um dos tentáculos de um grande raio absorvido
em parte pela estrutura ao ar livre, não sem antes parecer uma bola de fogo explodindo aqui.
A parte principal deve ter "morrido" nos pára-raios próximos.
Esta mesma estrutura com sapatas de concreto se espalha por toda a residência, tendo resistido um incêndio, que atingiu mil graus e, mesmo assim, não a destruiu, nem a laje superior.
Os próprios bombeiros ficaram espantados com a resistência dos materiais especiais, aqui utilizados na construção.
O projeto e a planta são meus, feitos com capricho e detalhes de segurança, o engenheiro apenas assinou e nunca esteve na obra, por mim também dirigida.
Chegou a pedir permissão para copiá-la para atender a alguns clientes e um industrial de metalurgia aqui esteve, para conhecer este novo tipo de Arquitetura.
O telhado original tinha 14 metros de altura (um chalé canadense) e 8 toneladas em vigas e perfís de aço .
Participei de cada cm2 de construção .
Aprendi todas as profissões e técnicas.
Quando os profissionais me deram um orçamento de 40 mil só em mão-de-obra, fora andaimes especiais e projeto de engenharia, achei um total absurdo !
Resolvi me dedicar a esta tarefa.
Se eles sem estudos podem eu também poderia.
Aprendi a soldar com um metalúrgico que veio do ABC.
Comprei roupas e equipamentos industriais, além dos de segurança, para trabalhar pendurado nas alturas, sem andaimes.
O capital empatado foi mínimo, diante do que me cobraríam por cada ponto de solda.
Com a ajuda de meu enteado, no tempo livre, em algumas semanas , a estrutura de 18 X 16 metros e 14 de altura estava montada e soldada
Tudo foi gravado em vídeo à época.
Nosso ex-ajudante de pedreiro (servente), um dia me perguntou; "doutor, o senhor não tem vergonha de o virem construindo , metendo a mão na massa mesmo, sendo uma pessoa formada, vinda do Rio de Janeiro?"
Respondi-lhe que;"não tenho a menor preocupação sobre o que pensaríam de mim, pois o que sou, foi conquistado pelos estudos e esforços pessoais. Não depende de aparências nem jamais perderei o que auferi em conhecimento e experiência. Sentiria sim, muita vergonha caso tivesse roubado."
Aos que gastam muito dinheiro em academias, recomendaria aprenderem tudo que puderem, para se tornarem cada vez mais independentes de estranhos , que exploram a "inapetência" por trabalhos manuais e incapacidade de nossa classe média, sempre preocupada com o "status".
Mas não é só a classe média.
Cansei de ver pedreiro contratando serviços de outro pedreiro para não se sentir inferior aos vizinhos e provar que tem posses.
Não prego o que não faço no cotidiano.
Para exigirmos dos outros temos de dar o exemplo.
A verdadeira revolução começa dentro de nós.
Só assim teremos uma sociedade mais livre, com menos desigualdades e mais justiça pelos méritos e esforços de cada cidadão.
Menos discurso ou vaidades, mais vontade e ação!