Propaganda "Lunar"
Venho alertando para o caráter "lunar" dos indecisos e que estes agem por impulsos de momento, principalmente os emocionais e apelos sensoriais subliminares.
Tenho de admitir que o programa de Alckmin atingiu em cheio esta parcela pelo lado emocional.
Primeiro com imagem de uma família unida, explorando esteticamente a imagem de "dona Lu" e seus filhos.
Deu para sentir algo inédito até agora.
Um Alckmin emocionado e afetivo.
Esta foi a mensagem subliminar, não provocada por um esquema de marketing, mas pela captação de um singelo momento de autenticidade e emoção, ainda que quase despercebida, mas que penetra no inconsciente coletivo sujeito mais ao julgamento visual.
Outro aspecto importante, que talvez muitos não tenham notado, mas a única propaganda que trouxe de volta "caras-pintadas" foi a de Alckmin.
Grande parte dos indecisos , participou das "Diretas Já" e das mobilizações pelo "impeachment" de Collor.
Notem que, enquanto a propaganda de Lula encerrou com a presença do mesmo num "cenário encantado" cercado de criancinhas, comemorando como um "vovô carinhoso", claramente artificial em lance "marqueteiro", o de Alckmin fecha com a presença de gente simples, sem cenários ou planos de fundo pomposos, apenas os jovens e, num certo momento, uma jogada genial, a de colocarem uma grávida, entrando em cena pelo "lado esquerdo", passando a mão no ventre exatamente no momento da frase "a gente sente".
Cenas do lado esquerdo são captadas mais pelo nosso hemisfério direito do cérebro, responsável por sensações e emoções irracionais.
Mais um acerto subliminar, principalmente no que se refere ao eleitorado feminino que tende mais a um julgamento estético e emocional.
Reparem também que pardos, asiáticos e negros ficavam sempre no centro dos grupos que entravam cantando e colocando a mão no peito, tendo ao fundo a bandeira brasileira, dando um toque mais comum e popular, exatamente como fizeram na campanha de Collor, contra o maciço apoio de artistas famosos à Lula .
A propaganda de Collor encerrou com uma negra cantando com um grupo de pessoas comuns, desconhecidas, nada famosas, ganhando naquele momento crucial o coração dos ainda indecisos que decidem emocionalmente.
O que aquilo queria e conseguiu transmitir?
Que, enquanto o outro candidato preferia os famosos (talvez pagos) Collor se fez representar pelo cidadão anônimo desejoso de se expressar e ter seus minutos de fama.
A classe média baixa não falhou nesta imediata percepção sem palavras e o elegeu.
Hitler e Goebbels costumavam dizer que, as massas são mais receptivas durante a noite, sob a influência da lua, da escuridão, apenas iluminadas por tochas e fogos.
Observem ainda que, nas tomadas de cena dos comícios de encerramento o que se viu de um lado (Lula), foi algo como um daqueles antigos "inferninhos" , cabarés e e boates do baixo-meretrício, tudo vermelho, excessivamente escuro "cores saturadas", acrescido pelas roupas das pessoas e militantes que estavam no palanque, até fotógrafos, de outro (Alckmin), exploraram os fogos ("tochas") e as cores azul e amarelo, simbolizando a paz, fraternidade e o raciocínio, o julgamento mental.
Nos "takes" aéreos, as bandeiras pareciam os antigos estandartes do terceiro Reich, enquanto que as do PT lembravam um desfile apoteótico comunista no Kremlin durante a "guerra-fria".
Só faltaram tanques e mísseis.
O "marketeiro" do PT usou e abusou dos planos abertos , do ponto de vista e visão de um assistente comum nos comícios, para disfarçar prováveis comparações entre o número de pessoas que compareceram, uma vez que, dos petistas e de Lula sempre se esperaria mais pela tradição de militância do partido.
Este recurso de filmagem acabou por "empastar" as imagens, como se o cinegrafista fosse alguém na arquibancada de um jogo tentando filmar alguma coisa com todos em pé e bandeiras.
Acho que usaram um recurso que a Globo utiliza em suas séries e novelas para reforçarem as cores e contraste, dando mais "pigmentação" e "croma" às imagens. Primeiro filmaram, depois passaram para vídeo talvez, mas isto só dá certo com cores pastéis e suaves, não com um vermelho cardinal berrante.
Pelo contrário, nas tomadas com lente "olho de peixe" em diagonais rápidas, pegando mais a movimentação das bandeiras agitadas, os cinegrafistas conseguiram passar a imagem de maior número no comício de Alckmin.
Uma coisa é mostrar nordestinos migrantes testemunhando maravilhas sobre o governo de Alckmin,pois muitos pensam que "foram pagos", outra é vê-los fantasiados, rostos pintados e contagiados pela euforia.
Notem que muitos jovens desta vez apareceram, lembrando os "caras-pintadas".
Pelo menos esta foi a mensagem psicológica subliminar captada.
Por fim, a imagem "ressuscitada" da "bandeira das Diretas Já", carregada por pessoas comuns.
Este tipo de estímulo subliminar, usando símbolos inconscientes e "arquétipos", visa provocar reações de determinados grupos.
Em Psicologia, temos o método "GESTALT" como referência para analisarmos estes fenômenos.
Criação dos alemães, que foram mestres nisto, agora fartamente utilizado pela publicidade mundial.
Outro ponto muito estudado e bastante conhecido no campo da Psicologia Comportamental é o "efeito máscara".
Isto se dá quando existe um lapso de tempo para elaboração de um julgamento após assistirmos dois discursos ou propagandas.
Se o lapso de tempo for muito curto, até 24 horas , o último discurso ficará gravado com mais força na mente das pessoas "mascarando", ou ofuscando o primeiro.
O de Lula foi o segundo, mas, percebi que a força do primeiro "esfriou" o segundo.
Depois de 48 horas este efeito se desvanece passando a se igualarem em predominância e força.
Uma coisa é certa.
O que me arrepia dá certo, mesmo que eu nada tenha a favor deste ou aquele candidato.
Temos dois dias pela frente e um debate na "Plim-Plim".
Portanto...
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