domingo, setembro 24, 2006

"Síncope brasileira"

"Nunca falei que ia ganhar no primeiro turno por modéstia, por respeito. Mas agora falo, nós vamos ganhar essas eleições domingo e, se alguém achar que vai para o 2º turno, pode esperar para concorrer em 2.010."


"Podem mandar fazer exame para saber o que eu fazia de mal quando era feto."

"Dia 1º de outubro é dia da onça beber água e essa oncinha está com sede",

(Lula no comício em Sorocaba-SP)

Estas “pérolas” demonstram claramente o grau de descontrole e pânico em que Lula se encontra neste momento.
Isto se dá por três razões.
1-O desconforto e insatisfação de um Judiciário que tenta resgatar sua imagem desgastada pelos últimos episódios do STF, TSE e CPIs, através de atos do MP, Procuradoria e AMB.
2-A “efervescente atmosfera de indignação” das Forças Armadas (lembrando que estas ainda detêm o maior índice de confiabilidade e credibilidade populares, segundo todas as pesquisas efetuadas ).
3-O crescente sentimento de repúdio à “institucionalização do ilícito”por parte dos segmentos mais esclarecidos, órgãos e entidades representativas, estudantes ( Nem a UNE poderá conter esta revolta espontânea de jovens, que está rapidamente se formando) , etc .

Misturando tudo isto num caldeirão fervente o que teremos?
Tudo dependerá de quando as informações sobre a origem do dinheiro forem divulgadas e o governo faz de tudo para adiá-las até depois do primeiro turno, se possível, embaralhá-las de tal forma, que não se chegue a um resultado concreto, que possa incriminá-lo diretamente , como ocorreria caso fosse provada a origem no Estado (erário, verbas públicas) .
Na Música, temos uma coisa chamada “sincope” , quando uma nota se prolonga de um compasso a outro, que dá esta característica especial aos nosso ritmos populares, como o samba, calango, etc.
Apostaria nesta hipótese de uma decisão pendente,que se arrastaria até,pelo menos, durante uma semana após o primeiro turno,até explodir como uma bomba afetando muitos políticos envolvidos na disputa eleitoral.
Caso comprovada,ou pelo menos denunciada, a participação do governo no fornecimento deste dinheiro para atividades ilícitas via qualquer meio direto ou indireto, teremos uma crise institucional e possibilidade de impugnação dos resultados das eleições.
Imaginem a possibilidade de Lula ter sua candidatura impugnada ou ficar “sub judice” ?
Nesta hipótese, todos os votos concedidos a Lula, seriam considerados pela Justiça Eleitoral como NULOS, porque, pelo código, votos em candidatos que tenham suas candidaturas impugnadas ou cassadas, são computados como NULOS.
haveria nova eleição com Alckmin e Heloisa disputando .
Entendem porque o “NÃO-VOTO” (abstenções, brancos e NULOS) podem “melar” estas eleições ?
A se confirmar a tendência de crescimento dos Votos Nulos ao redor de 500% (18%) conforme as pesquisas para as eleições proporcionais, acrescida de uma reviravolta drástica na presidencial, mais um alto índice de abstenção, o caos se instalará e o sistema será abalado .
Aí estão, as três preocupações de Lula , acima citadas, entrarão no jogo, podendo determinar nossos destinos.
Não é por nada que, em suas últimas propagandas, o PT pede que o eleitor (nordestino) não deixe de votar e se sacrifique para votar em Lula.
A expectativa de abstenções no nordeste é altíssima, entre 25% e 30%.
Não há dúvida que o tal “clima de guerra civil” que sempre avisamos poderia ocorrer não estaria longe da verdade, pela reação sindicalista e de movimentos coordenados, controlados e subsidiados pelo governo.
Uma vez que a sociedade civil organizada não dispõe de armas para se defender de prováveis agressões de militantes profissionais, caso saia às ruas em protesto pacífico, nem poder coercitivo efetivo, sem a garantia dos contingentes da segurança pública e Forças Armadas, mesmo que exerçamos forte pressão de mobilização popular nacional, queiramos ou não, estaremos dependentes da “opção ideológica” destas forças, pela adesão ou repressão.
O panorama é bastante complexo, há diversos interesses e correntes de pensamento totalmente antagônicos.
Uma violenta resistência não poderia ser descartada.
Em 1964 era diferente. O então assim denominado “peleguismo sindical” não havia tomado conta do “aparelho” do Estado, nem de prefeituras ou governos estaduais.
Hoje temos centenas de milhares ocupando cargos públicos, fora os milhões de dependentes diretos seus e da militância do partido que se instalou no poder máximo da nação.
Esta é a preocupação maior das instituições civis e dos militares.
Evitar o caos social e o sangue derramado.
Percebem claramente, pelas ameaças dos discursos de Lula e do apoio de seus líderes sindicais amestrados, que teriam de lidar com uma “guerra civil”, mesmo que de alcance limitado, considerando-se ainda o crime organizado, como potencial de “guerrilha urbana” eventual.
Nossa meta e objetivo, é continuarmos crendo no poder do protesto pelo Voto Nulo e pressão da sociedade civil, propondo alternativas viáveis como a Democracia Direta (verdadeira e total) , deixando que os “cachorros grandes” deste sistema podre se dilacerem em lutas encarniçadas .