sábado, setembro 10, 2005

A CRISE PODE TRAZER O MILAGRE !

Os governos de inúmeros países que adotam o sistema democrático, têm enfrentado diversos tipos de crise, desconfiança, escândalos e dissoluções do parlamento, mas nunca crises tão graves e abrangentes como o nosso, onde o lamaçal a todos atinge e alcança.
Alguns poderão pensar que este é um atestado de nosso subdesenvolvimento e despreparo para termos governos civis capazes de terminarem os mandatos sem máculas ou tragédias.
Diria que a maioria pensa assim e é uma constatação óbvia, esta incapacidade dos civis cumprirem seus programas e promessas, ficando sempre a sensação que nada mudou e nada mudará, pelo contrário piorará cada vez mais.
É lamentável, porém verdadeira, esta perspectiva, mas devemos atentar para um aspecto que poucos talvez tenham percebido.
Nós somos os mais calamitosamente atingidos por esta prova cabal de incompetência política !
Isto nos dá uma vantagem enorme em termos de chances de mudança, caso queiramos mesmo resolver esta parada de uma vez por todas.
Cria uma possibilidade única de, pela total desconfiança, descrédito e desesperança na tal da “Democracia Representativa”, para desenvolvermos outras alternativas viáveis de solução de nossos problemas estruturais.
Quais seriam estas alternativas?
Uma delas, a que sempre defendemos como capaz de promover uma grande mudança de mentalidade, trazendo o povo para o processo decisório , para que assuma as responsabilidades diretas de suas decisões e propostas. Esta seria a alternativa de uma verdadeira Democracia Direta, total e plena.
Mas alguns dirão; “ o povo é completamente desprovido de capacidade de raciocínio, sem base educacional, massas totalmente alienadas e incompetentes para o exercício de qualquer atividade administrativa.
Tudo bem, até posso concordar que nossa situação geral é desanimadora, mas, como tenho muito contato com o povão e aprendi no cotidiano como pensam os brasileiros dos mais baixos estratos sociais, confesso que teria dúvidas em afirmar que o povo não pudesse levar a cabo algumas tarefas de grande responsabilidade em seu meio imediato e local.
Tudo é uma questão de “não misturarmos as bolas” e exigirmos mais do que pode a maioria.
Um analfabeto poderá não entender nada sobre acordos internacionais, programa nuclear, etc, mas sabe muito bem, que a vala negra em frente à sua porta o incomoda e pode até participar de mutirões ou obras públicas, que visem resolver este problemas básicos de saneamento e urbanização.
Se o estímulo e apoio vierem de cima, as soluções e iniciativas corresponderão, vindas de baixo.
Sem assistencialismo demagogo nem medidas populistas que perpetuem a dependência e inércia.
Criem condições, aproveitem a mão de obra local, aumentem a capacidade de cooperação comunitária fornecendo subsídios e acompanhamento técnico. Verão que “milagres” podem acontecer e se surpreenderão com os resultados.
Para isto não precisamos de ideologias superadas nem de antagonismos partidários.
Precisamos de união apartidária, colaboracionismo, solidariedade, ausência de separatismo ou interesses de grupos, somente.
Claro que com o elemento humano que dispomos nos quadros políticos atuais isto seria impossível de ser implementado ou simplesmente aceito pelos que se perpetuam no poder graças ao assistencialismo, clientelismo, empreguismo e nepotismo.
Dizer que se escolhermos políticos honrados mudaremos algo, é completo desconhecimento da realidade!
De nada adiantam dois ou três , dez ou trinta num universo de 513 !
E onde estão estes políticos honrados e honestos?
Como podem ser, se uma simples aprovação de suas candidaturas e obtenção de legenda custa muita grana? Se uma eleição não sai por menos de 5 milhões? De onde vem este dinheiro todo? Que compromissos escusos assumem para obterem este patrocínio?
Sei que alguns já trazem pronto o seu eleitorado como pastores e outros com grande apoio da mídia, mas esta não é a regra geral.
Portanto, a DEMOCRACIA REPRESENTATIVA É UMA FALÁCIA! UMA FRAUDE ! Que se eterniza enganando a boa-fé do povo, se bem que o povo já sabe bem com quem trata e busca logo uma compensação material por cada voto concedido, alimentando o círculo vicioso da imoralidade política.
Desta maneira se corrompe, se vende, pois não tem esperanças na dignidade e moral de seus representantes a quem delegam poderes.
Quando não se vende conscientemente, se ilude pelas campanhas regiamente pagas da mídia, ou pelas opiniões de seus ídolos de novelas, artistas e apresentadores de televisão, sempre prontos a fazerem a cabeça dos eleitores desavisados.
Este é o esquema em que vivemos. Nossa triste realidade “democrática”, tão favorável aos que dela se locupletam e usufruem.
Como seria esta tal de Democracia Direta afinal? Sei que muitos estarão se perguntando sobre isto.
Em nossos artigos mais antigos há várias explicações a respeito.
Não entupirei aqui de explicações este texto.
Mas observem que através de concursos públicos para todos os níveis e cargos de chefia, eliminaremos a nomeação política de correligionários e apadrinhados. Por meio de conselhos de cidadãos , sem os atrativos de grandes salários , mordomias e benesses, dispensaremos vereadores e deputados carreiristas profissionais. Extrapolem para o âmbito federal com enxugamento máximo da máquina burocrática (sobrando verba para os programas sociais) e extinção dos impostos , deixando apenas um de 10% sobre o consumo, o que teremos?
Maior incentivo à produção e eliminação do capital parasita depositado a juros !
É simples?
Parece ser , não?
E é mesmo.
Só que as forças e poderes dos rentistas , dos usurários e espoliadores são imensas e não largarão o osso sem muita luta.
Mudar o sistema , enfrentar ameaças e coações internacionais não é tarefa para governos fracos , comprometidos por suas campanhas e conchavos políticos.
Somente os que chegam por seus méritos e dignidade incorruptível podem fazer valer perante os poderosos estes trunfos , amparados na absoluta fé do povo em suas premissas e posições !
Um dia , quem sabe, após uma grande reação popular, teremos este tipo de pessoas, imbuídas de um sentimento de despreendimento e honestidade, capazes de guiar este país rumo ao destino desejável que sonhamos um dia merecermos testemunhar e viver!
Existem cidadãos honestos e dignos sim. O sistema é que não os permite chegarem ao poder!


Homero Moutinho Filho
hmf_sp@yahoo.com.br