sábado, setembro 16, 2006

Cristo ou Barrabás ?

Existe uma enorme diferença entre representatividade e legitimidade.
A primeira traduz-se pela quantidade de eleitores que elegem um representante, de acordo com seus interesses ou ideologia, enquanto que, a segunda, pressupõe o preenchimento de determinados requisitos indispensáveis para o exercício do mandato, quais sejam, condições legais e formais para a investidura.
A título de exemplo, de como podem existir distorções e antagonismo entre uma e outra, citaria um caso hipotético de um meliante, chefe de quadrilha , que domine uma favela altamente populosa, garantindo-lhe eleição certa, só lhe faltando um partido político.
Ora, todos sabemos que legendas são “compráveis”, portanto, isto não seria um obstáculo à carreira política deste indivíduo que se alimenta do ilícito para exercer seu domínio sobre tantas pessoas miseráveis.
Imaginemos que, uma vez eleito, setores indignados resolvam promover uma cruzada moral para impedir sua posse ou desalojá-lo do cargo.
Uma vez investido de seus privilégios e imunidades, sem que tenha havido qualquer condenação judicial transitada em julgado, antes do pleito, não poderá ser destituído, conforme determinam as regras do jogo democrático.
Assim sendo, teríamos aqui um caso típico de confronto entre a expressão popular e a ética, entre a vontade e o lícito.
Comparando ao nosso presente eleitoral, constatamos que, por conivência, covardia, premeditação ou irresponsabilidade, o Legislativo e o Judiciário transferiram para o povo suas obrigações de ofício.
Caberá à maioria duplamente carente, em educação e recursos, julgar questões legais e éticas, como se vivêssemos num mundo anárquico, ideal, sem desigualdades sócio-culturais, leis nem governo.
Quem acham que a massa absolveria?
Jesus Cristo ou Barrabás (o ladrão) ?